Sou de Caxias do Sul e, como tal e igual a muita gente, me senti envergonhado com o discurso do vereador Sandro Fantinel na última terça-feira (28). O vereador comentava a situação dos trabalhadores trazidos da Bahia para atuar na colheita de uva e proferiu um discurso cheio de ódio contra eles.
Parece incrível, mas é comum ser abordado como sendo da cidade racista. Isso me deixa muito incomodado e com pouca capacidade de reação. Incrível porque estamos em 2023. Já deveríamos ter aprendido isso. Logo Caxias, uma cidade de imigrantes, colonizada por imigrantes, cujo símbolo é uma estátua gigante que reproduz um casal de… imigrantes.
Essa gente foi atraída com proposta mirabolante de trabalho. Chegaram aqui e viram que não passava de propaganda enganosa. Ao longo do tempo, pessoas de outras regiões encontraram oportunidade de emprego em Caxias. Aliás, o trabalho sempre caracterizou o caxiense.
Não foi uma conversa gravada sem querer. Sandro Fantinel ocupou a tribuna da Câmara e, a plenos pulmões, ofendeu um monte de gente. Não posso dourar a pílula e dizer que é um caso isolado. Ele se reelegeu depois de propagar o tratamento precoce para covid-19 (um político defendendo esse tipo de coisa é inaceitável) com votos de pessoas que apoiam o que ele diz.
O momento é desconfortável, mas a cidade tem uma boa oportunidade de dar um recado aos xenófobos e, na próxima eleição, enterrar de uma vez essa pecha.