Durante a Segunda Guerra Mundial, o então brigadeiro e líder da Resistência Francesa, Charles De Gaulle, tentava se esquivar das provocações para assumir o cargo de primeiro-ministro da arrasada França usando uma irônica desculpa.
— Como governar um país que produz 246 tipos diferentes de queijo — repetia, para indicar que a dificuldade seriam os queijos, e não as ruínas.
É um dilema parecido que enfrenta o motorista que cruza Santa Catarina pela BR-101 e, depois, chega à BR-116, entre Porto Alegre e Rio Grande. A grande diferença é que, na França, o problema era o excesso de queijo. Aqui, o problema está na quantidade de pedágios com preços diversos. Eis o exemplo: na 101, em Santa Catarina, entre Laguna e São João do Sul, a tarifa para carros é de R$ 2,40. Razoável para um pedágio que só é cobrado para garantir a manutenção da estrada. E ela é bem cuidada. A rodovia que leva à capital catarinense é exemplar.
A BR-116, no trecho do sul do Rio Grande do Sul, não é uma estrada ruim. Mas o pedágio para carros acabou de subir para R$ 15,20. A nova tarifa está valendo desde o início do mês — o percentual de reajuste foi de estonteantes 23%. Não é um, são três praças com essa tarifa de Rio Grande para Porto Alegre.
Dou toda razão para o caminhoneiro que se queixa do valor. Não só o motorista de caminhão, todos os motoristas. Não tem justificativa para cobrar um valor em Santa Catarina e outro mais de três vezes superior no Rio Grande do Sul. Muita gente trafega pela 116 e paga essa exorbitância achando que o dinheiro é usado para a duplicação. Não é. As três praças em questão são apenas para manutenção da estrada. O contrato com a concessionário do Rio Grande do Sul segue um modelo antigo, é a desculpa. O contrato vence em 2026, é logo ali. Mas, até lá, quem vai explicar a diferença? Com a palavra, o governo federal que vem aí.