Não partiram só do ex-ministro Eduardo Pazuello os equívocos na condução dos assuntos mais sensíveis do enfrentamento à pandemia no Brasil. Mas ao prestar depoimento nesta quarta-feira (19) na CPI da Covid, ele catalisou os inúmeros desacertos, erros de avaliação e desdém à importância da urgência na compra da vacina.
Uma longa apresentação biográfica feita pelo próprio deu início às explicações do general na comissão. O histórico não me permite levantar dúvidas sobre a carreira militar de Pazuello. Mas nós estamos falando do desempenho de um ministro da Saúde numa pandemia.
Como pode o Brasil ter sido conduzido por alguém que diz saber muito de logística mas quase nada de saúde pública. Por que, no momento mais grave da nossa história recente, a autoridade máxima em saúde pública foi um ministro sem aptidão para o cargo?
A resposta é: porque o presidente precisava de alguém que obedecesse a sua estratégia pessoal, mesmo que ela significasse negligenciar aos aspectos mais elementares, como o senso de urgência na aquisição da vacina, uso de máscara e não aglomeração.
Dito isso, Pazuello se esforçou para justificar o injustificável. Sobre a demora na compra da vacina da Pfzier, alega que passou dois meses tentando negociar termos melhores para o Brasil. Que termos tão graves eram esses que outros países não acusaram enfrentar?
Pazuello deu a entender que a compra a vacina era uma transação normal que permitia barganha. E se havia essa barganha, por que não deu transparência à época para que os brasileiros conhecessem os termos? Talvez seja mais uma desculpa para um furo enorme da gestão de Bolsonaro na pandemia: despreocupação com a agilidade e variedade no fornecimento de doses.
Dentre tantas explicações, a mais frágil defesa de Pazuello é a resposta aos apelos por oxigênio pelo Amazonas. E veio do senador Eduardo Braga (MDB-AM), um governista, a mais dura crítica, afirmando que o ex-ministro foi incompetente ao demorar para tentar resolver a falta de oxigênio para pacientes que morreram sem o devido atendimento.
A CPI existe muito por conta das explicações que Pazuello deve ao Brasil. E nesta quarta-feira ele está pagando o preço pela incompetência ao ser exposto ao Brasil, em rede nacional.