Uma área de 19 mil metros quadrados, que compreende a ponta do Cais Mauá, quase na curva da Usina do Gasômetro, vai ser apresentada à cidade nesta semana em uma nova configuração: o Cais Embarcadero. O ponto principal da novidade é o aproveitamento comercial de um dos armazéns do antigo porto, com seis pavilhões para lazer e gastronomia.
Ainda não é o Cais todo, mas é um bom começo para o processo de desfecho da maior novela de Porto Alegre. Nunca houve nada parecido: foram 30 anos — três décadas inteiras — de polêmicas, de impasse, de confusões jurídicas e de atraso.
As imagens dos empreendimentos e os relatos de quem está envolvido no projeto indicam que a Capital terá a partir desta semana uma área que nunca foi explorada desta forma, num ponto central da cidade, de frente para o Guaíba.
É verdade que a área do Cais é envolta em burocracia estatal, mas a resistência à entrada da iniciativa privada impediu que o local se transformasse antes. Legítima, foi uma resistência baseada na crença de que o poder público é quem deveria explorar a área — o que, convenhamos, em 2021, é um pouco ilusório.
Porto Alegre perdeu tempo com uma discussão que poderia ter sido resolvida antes. Vamos colocar o Cais na perspectiva do tempo: em 30 anos, desde que as discussões começaram até agora, a cidade construiu uma perimetral nova, um estádio de futebol novo e outro completamente reformado, a Orla começou ser revitalizada, um shopping de grande porte foi construído numa área de atoleiro (Barra Shopping Sul), o Guaíba ganhou uma ponte nova e a Região Metropolitana passou a ser cortada por uma estrada novinha, a Rodovia do Parque.
Tudo isso foi feito enquanto se puxava o cabo de guerra do Cais. Nem vou falar dos 1.653 satélites que o Elon Musk colocou em órbita pra levar internet de qualidade para o mundo todo neste período.
O Cais Embarcadero abre nesta semana. Que sirva de modelo para o resto da área, que é bem maior e pode ser melhor aproveitada.