Se houvesse vacina suficiente para a maior parte da população, o debate sobre inclusão de categorias no grupo prioritário de imunização seria desnecessário. Mas, enquanto as doses ainda são insuficientes para todos, ganha fôlego a discussão sobre quem deve ser vacinado primeiro.
Não há dúvida sobre dois grupos: idosos e profissionais de saúde que atuam na linha de frente. Com mais doses e vencida essa etapa, começam a ser imunizadas várias categorias de profissionais que não necessariamente tratam de pessoas com coronavírus, mas que garantem o bom funcionamento do sistema de saúde como um todo.
No dia 8 de dezembro de 2020, portanto, 40 dias antes do início da vacinação, o secretário de Segurança Pública do Estado, Ranolfo Vieira Júnior, enviou ofício ao Ministério da Justiça pedindo prioridade a policiais e agentes penitenciários — profissionais que não podem ter atividades reduzidas por causa da pandemia, na medida em que a estabilidade da segurança depende da atuação deles. Ranolfo espera até hoje por uma resposta.
A inclusão de agentes de segurança depende do Ministério da Saúde, que é quem define a política de imunização. Portanto, depende de uma mudança de diretriz pelo governo federal.
De nada adianta, na ponta, um prefeito mudar a regra de acordo com suas convicções. Se abrir espaço para um, virão outros. Mas faz sentido buscar vacinar agora os policiais.
A Brigada Militar não pode ter seu efetivo reduzido. Mais: brigadianos estão nas ruas, fazendo abordagens, fazendo revistas, prendendo. Policiais civis não deixaram de cumprir mandados, de ir em busca de criminosos, de conduzir presos. Agentes penitenciários entram e saem de ambientes lotados todos os dias.
Diferente de outros setores, a segurança não pode mudar a rotina para poupar profissionais do risco. Tirá-los dessa situação, só garantindo a vacinação.