As primeiras medidas do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, seguem, em resumo, a mesma diretriz do modelo de distanciamento controlado do governo do Estado. Pontualmente, a Capital tinha algumas regras mais rigorosas em matéria de restrição se comparadas ao que preveem as normas estaduais.
O prefeito foi criticado pelo simbolismo do anúncio: retirar restrições, mesmo que pontuais, num momento de pandemia em alta, passaria uma ideia de relaxamento à população.
Numa demorada e detalhada transmissão ao vivo, Melo e seus novos secretários detalharam as medidas. Alguém acredita que uma hora a mais ou uma hora a menos de funcionamento de uma loja ou shopping vai fazer diferença nos números da covid-19?
Me preocupou mais o que o prefeito não falou do que aquilo que foi tema de debate. O que ele não falou: grandes aglomerações em festas que ocorrem em profusão na cidade, com dezenas — até centenas — de pessoas sem máscara, bebendo noite adentro. Bares que fecham e os frequentadores ficam do lado de fora reunidos, próximos, estendendo a festa sem o distanciamento devido.
E os veranistas que voltarem a Porto Alegre com os hábitos litorâneos de grandes concentrações, comuns nas festas de fim de ano, como a prefeitura vai agir sobre isso? Como vai ser na Capital depois do período de veraneio, depois que a cidade voltar a ficar cheia de novo?
A ausência de uma estratégia sobre isso me preocupa muito mais do que as medidas anunciadas na segunda-feira, que já haviam sido sinalizadas na semana passada.