Em maio do ano passado, durante entrevista para avaliar os primeiros meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro fez uma promessa que trouxe alento para o contribuinte brasileiro. Em 2020, a tabela do Imposto de Renda seria corrigida pela inflação. E acrescentou: "se possível, quero ampliar os gastos com saúde e educação que são deduzidos do imposto". Nove meses se passaram e a palavra sobre as deduções não só não foi cumprida como a tabela ficou exatamente igual ao ano passado, fazendo deste o quinto ano seguido sem atualização. Assim, sem necessidade de projeto de lei, decreto ou normativa, o governo afunda ainda mais a mão no bolso do cidadão, aumentando a arrecadação e penalizando, principalmente, a população de baixa renda.
A faixa de isenção permanece a mesma: R$ 1.903,98, apesar da inflação do ano passado ter sido de 4,31%. Estudo elaborado pelo Sindicato dos Fiscais da Receita indica defasagem de mais de 100% na atualização da tabela, o que elevaria a faixa de isenção para R$ 3.880. Ou seja, a omissão - pra dizer o mínimo - do governo federal coloca um peso maior sobre os ombros de uma população já castigada pela alta carga tributária. Não é exagero algum dizer que o governo confisca o dinheiro do trabalhador. Como a tabela é progressiva, todos perdem, das classes mais baixas aos mais ricos. Se houvesse uma regra clara com correção anual da tabela pela inflação, por exemplo, os brasileiros cuja a renda fica entre R$ 1.903 a R$ 3.880 estariam fora do alcance do Leão.