Sem experiência na área, mas com disposição para buscar respostas rápidas para melhorar os serviços, Juvir Costella assume, nos próximos dias, o cargo de secretário dos Transportes do Rio Grande do Sul. Ainda no primeiro ano, o governo eleito precisará destravar o programa de concessões que começou a ser feito pela atual gestão mas andou devagar, concluir obras que já começaram, como a duplicação da RS-118, entre Gravataí e Sapucaia do Sul, e rediscutir o papel da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). Costella é deputado eleito pelo MDB, mesmo partido de José Ivo Sartori. Ainda assim, se diz insatisfeito com a qualidade das estradas.
Como melhorar as estradas estaduais?
Temos de enfrentar essa questão indo em busca de recursos. O futuro governo terá como prioridade a recuperação das estradas. Tem uma questão de segurança e logística importante aí. Se tivermos rodovias em estado de bom para ótimo, isso trará investimentos de empresas para o Rio Grande do Sul.
O senhor está satisfeito com as estradas?
Não, de forma alguma. A recuperação vem acontecendo, principalmente nos últimos dois anos. Em algumas regiões, avançamos bastante. Mas temos ainda muito, muito mesmo, para evoluir. Foram mais de 3 mil quilômetros de estradas recuperadas. Mas trata-se apenas de uma etapa. E tem outra coisa preocupante: acessos municipais. Estamos no século 21 e quase 50 municípios não têm acesso de asfalto. Isso chega a ser desumano.
A RS-118 sempre teve atraso na entrega. Agora, a mais recente promessa é de conclusão no primeiro semestre de 2019. Vai se confirmar?
Não trabalho com chance de atraso. Prefiro falar sobre expectativa de conclusão. Vou ser incansável para garantir a conclusão no primeiro semestre. Sempre pode atrasar 30, 60 dias.
É apenas questão de dinheiro? Ou existe algum outro possível entrave?
Os projetos mais importantes para essa estrada estão concluídos. A área que precisa ser desocupada, dos quilômetros 0 ao 5, em Sapucaia do Sul, já foi feita. As obras mais pesadas, como viadutos e elevadas, estão prontas. O acesso de Esteio está 60% concluído. O único ponto que tem um pouco mais de dificuldade é a inclusão da BR-448 (Rodovia do Parque) com a RS-118. Esse viaduto independe da conclusão da estrada, que é uma obra para todo o Estado e não apenas para a Região Metropolitana.
O Rio Grande do Sul tem locais conhecidos como Estrada da Morte e Curva da Morte. O que o senhor vai fazer para acabar com esse estigma?
O grande desafio é fazer com que as estradas tenham melhores condições. Precisamos também criar um trabalho de conscientização das pessoas com relação ao respeito dos limites de velocidade e identificar e atuar em pontos com grandes índices de mortes.
O que vai acontecer com a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR)?
Há duas discussões: rediscutir o papel do Daer. Existem excelentes técnicos no departamento que estão sendo mal aproveitados. E a EGR tem papel fundamental para o Estado. Está em 16 rodovias com praças de pedágios. O governador eleito tem dito que, se tiver de vender, vamos fazê-lo. Digo a mesma coisa. Não vejo dificuldade nenhuma em vender a EGR, mas quem vai fazer o papel da empresa depois disso?
Mas, por enquanto, muda alguma coisa?
Por enquanto, ela vem desenvolvendo o seu bom papel. Não sou contra pedágio. Sou contra o valor abusivo do pedágio. Por que do Mampituba para cima podemos ter pedágio de R$ 2,50 e aqui custa R$ 7, R$ 8? Esse é um outro debate que quero fazer.
A tarifa aqui é elevada?
Tarifa de R$ 7 para as estradas do Estado é alta demais. O que leva uma praça de pedágio a cobrar esse valor? Existe a expectativa de se criarem novas praças por meio de parcerias e concessões. E precisamos debater também se é papel do Estado manter uma empresa pública para administrar pedágios.
Tarifa de R$ 7 para as estradas do Estado é alta demais. O que leva uma praça de pedágio a cobrar esse valor? Existe a expectativa de se criarem novas praças por meio de parcerias e concessões. E precisamos debater também se é papel do Estado manter uma empresa pública para administrar pedágios.
Qual é sua opinião sobre isso?
Não é papel do Estado manter empresa que cuida de pedágios e de estradas. Acho que isso pode ser feito por meio de concessões e parcerias.
O caminho da EGR, então, é a privatização?
Exatamente. O Estado deve buscar algo por aí, privatização ou forma de concessão. A EGR tem hoje cerca de 1,5 mil servidores envolvidos em todas as praças. São muitas famílias envolvidas, por isso, é necessário planejamento. Mas insisto: não é papel do Estado ter empresa para cuidar de pedágios. Para estradas, já temos o Daer.
Quais são as concessões que vão acontecer ainda no primeiro ano do governo?
Uma empresa de consultoria vai entregar a modelagem das concessões no primeiro trimestre. Em cima disso, vamos começar a trabalhar. Ela cria parâmetros de exploração das estradas a partir de dados técnicos. Sou muito ativo. Sou um cara de respostas. E rápidas.