Desde a escola ouvimos falar sobre como Thomas Malthus previu que a população humana cresce de forma exponencial. Em geral, isso é usado para justificar a inevitabilidade da miséria e da fome. Mas diferentes estudos, a exemplo do que a Universidade Rockefeller desenvolveu em 2015, e que foi publicado na revista Nature, mostram que a humanidade não está crescendo exponencialmente, e não deverá fazê-lo no futuro. A população mundial cresce hoje 50% menos do que crescia em 1965 (estima-se que sejamos 7,3 bilhões de pessoas, e que, em 2050, seremos 9,7 bilhões). Apesar disso, mantém-se o medo de que o crescimento populacional culminará com um cenário apocalíptico.
Esse é um dos muitos mitos que não querem morrer. Nicholas Eberstat, demógrafo americano, esclarece que "superpopulação não é realmente superpopulação – é uma questão de pobreza". Contudo, em vez de examinar as reais causas da pobreza, e como prover para uma população de maneira sustentável, diz ele, a maioria das pessoas foca nas causas da superpopulação. Na verdade, também não há falta de comida. Segundo a ONU, a produção global de alimentos é bem maior do que o necessário para todos. Apenas em relação a cereais, como arroz e trigo, há o suficiente em calorias para alimentar satisfatoriamente 10 a 12 bilhões de pessoas.
Ainda assim, a fome e a desnutrição persistem. Isso ocorre pela maneira como esses grãos são alocados. Cerca de 55% dessa produção é usada para alimentar gado, o que depois gera produtos que são caros para a maioria da população. Além disso, parte dos grãos é usada para produzir combustível, e o que é descartado sequer é distribuído para pessoas que não têm acesso a comida. Ainda, inacreditavelmente, segundo a ONU, não há falta de água. Mas 1,2 bilhão de pessoas, cerca de 20% da população, vivem em áreas nas quais não há acesso a água. Assim, não faltam recursos para alimentar a humanidade; ao contrário, estes são sistematicamente alocados focando em benefícios financeiros para poucos, perpetuando a desigualdade.
Outro mito tido como verdade é o de que a espécie humana possui cérebros excepcionalmente grandes em relação aos outros animais. Esse pináculo da evolução seria responsável pela posição superior dos humanos. Na verdade, os números são manipulados de acordo com o que se quer. O tamanho do cérebro humano é aproximadamente sete vezes o tamanho do esperado pela proporção corporal. Mas golfinhos, camundongos e algumas aves possuem proporções maiores. Até a contagem de neurônios tem sido vítima de inflação. Enquanto muitos apregoam que temos 100 bilhões, o número real fica em pouco mais de 80 bilhões.
A realidade é que o cérebro humano tem áreas mais expandidas, principalmente o córtex, responsável por funções cognitivas e o desenvolvimento da linguagem. Um uso excelente para esse cérebro seria, ao invés de contar vantagem sobre números que não significam muito, concentrar o uso dos neurônios para eliminar mitos. Identificar maneiras reais de distribuir recursos, eliminando a fome. Para uma espécie, difícil imaginar evolução maior.