Há quase 50 anos, quando nem mesmo os fotógrafos profissionais sofriam de síndrome de abstinência quando eram separados de suas câmeras por alguns minutos, Susan Sontag escreveu sobre um mundo saturado de imagens. No livro Sobre Fotografia (1977), a ensaísta norte-americana sugere que a vasta coleção de registros fotográficos das principais tragédias do século 20 pode ter servido tanto para despertar consciências quanto para amortecê-las, alterando a forma como as pessoas percebem a realidade: “Fotografias produzem história instantânea, sociologia instantânea, participação instantânea. Mas há um limite para a quantidade de história e de sociologia que alguém consegue consumir. À medida que as fotografias se tornam cada vez mais o resíduo do que está acontecendo, sua realidade se dilui”.
Enchentes no RS
Opinião
A iconografia da catástrofe
O que distingue as enchentes no Rio Grande do Sul de catástrofes naturais anteriores, no aspecto da iconografia, é o uso massivo de ferramentas que facilitam a criação de uma realidade visual paralela
Cláudia Laitano
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