Síndrome do Impostor é aquele padrão psicológico que leva pessoas talentosas a desconfiarem das próprias habilidades. Não importa o quão bem-sucedidas e reconhecidas elas sejam em suas profissões, nada diminui a dolorosa percepção íntima de que não merecem a posição que ocupam.
No extremo oposto do autoflagelo encontramos a paz de espírito proporcionada pelo chamado Efeito Dunning-Kruger – mecanismo de ilusão de superioridade descrito nos anos 1990 pelos psicólogos Justin Kruger e David Dunning.
Os dois pesquisadores demonstraram que a ignorância costuma gerar muito mais certeza do que o conhecimento. Ou seja: quanto menos uma pessoa sabe sobre um determinado assunto, mais pode ser levada a acreditar que sabe tudo o que precisa saber – ou mais.
Durante a pandemia, eclodiu uma variante altamente perniciosa do Efeito Dunning-Kruger: a Síndrome do Especialista Desinformante. OK, ele estuda (ou estudou) alguma coisa um dia, mas a certa altura parece ter perdido o interesse em aprofundar seus conhecimentos na matéria que acredita dominar. Ainda assim, faz pose de quem sabe mais do que todo mundo em volta – e nesse caso “mundo” pode significar um eloquente consenso global de cientistas. Sabem onde foi parar aquela autoconfiança que falta a quem sofre da Síndrome do Impostor? Pois é. O Especialista Desinformante bebeu tudo. Mas não se enganem, esse cidadão não está apenas equivocado, defasado, iludido. Por trás de cada opinião que emite em público, há algum tipo de agenda oculta: dinheiro, poder, influência, projeção. Não existe desinformação de graça.
O Desinformante dá entrevistas, aconselha políticos, mostra gráficos, distorce números. Faz profecias que nunca se realizam, erra, erra de novo, erra mais uma vez. Ainda assim, nada abala sua autoconfiança ou seu tom quase sempre sereno de falso domínio dos fatos. O Especialista Desinformante parece ter desenvolvido um escudo à prova de evidências. Namore alguém que olhe para você como o Desinformante olha para si mesmo no espelho
Será que ainda acredita no que diz? Será que algum dia acreditou? Será que à noite, antes de dormir, duvida daquilo que proclama diante das câmeras e secretamente sofre um leve espasmo da Síndrome do Impostor? Nunca saberemos. Mesmo cercado de mortos por todos os lados, o Especialista Desinformante prefere morrer junto a admitir que estava errado.