O que é uma pessoa sem suas obsessões? Uma das minhas é Ingmar Bergman. No tempo em que garimpar preciosidades em videolocadoras ainda não era tão obsoleto quanto passear de cabriolé, passei um ano frequentando o acervo da Espaço Vídeo em busca dos filmes do Bergman. Vi todos os que encontrei – um por semana, até o fim do estoque. Os amigos ficaram preocupados. Que efeito um ano de dramas abissais, em sueco, muitos deles no mais soturno preto e branco, poderia ter sobre uma alma impressionável? Nas outras não sei, mas na minha o efeito foi esse: uma vertigem estética e existencial que se tornou uma obsessão, uma sublime obsessão.
Crônica
Jogo da vida
A tecnologia parece ser capaz de desafiar todas as limitações humanas – inclusive – a maior de todas elas
Cláudia Laitano
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