Descobri João Cabral de Melo Neto pelo poema O Cão sem Plumas. Era o começo dos anos 1990, e eu fazia parte de um grupo de amigos que se reunia de tempos em tempos para ler, beber e descobrir autores novos que a turma andava lendo (com frequência, mais o segundo do que os outros dois). Em uma dessas reuniões, levei O Cão sem Plumas para o encontro e foi um sucesso – o que, em uma roda literária, significa que a pequena plateia não apenas não bocejou como pediu bis ("O que vive fere./ O homem, / porque vive, / choca com o que vive. / Viver / é ir entre o que vive."). Como a mim e aos meus amigos, esse poema só lâmina marcou também a coreógrafa Deborah Colker – a ponto de ela lançar-se ao desafio de transformar o texto em um espetáculo de dança. O resultado está em cartaz, hoje e amanhã, em Porto Alegre. (Leia mais no Segundo Caderno.)
Espetáculo
Poesia numa hora dessas?!
Para muita gente, a arte é sempre um convidado estabanado que aparece cantarolando na festa sem perceber que o teto e as paredes em volta estão desabando
Cláudia Laitano
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