No dia 16 de agosto, começa a propaganda eleitoral em todos os meios de comunicação, com candidatos e coligações oficializados para o pleito municipal.
Uma das maiores preocupações é com o uso da Inteligência Artificial, especialmente na propagação de fake news — vídeos ou áudios artificialmente criados para parecer autênticos, mas que são parcialmente falsos.
Cabe às assessorias partidárias redobrar a atenção e vigilância ao conteúdo de seus oponentes na televisão, no rádio e nas redes sociais. Já imagino que haverá uma avalanche de pedidos para direito de resposta no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
A memória dos prefeituráveis será exigida como nunca: “eu disse isso mesmo no passado ou alguém está inventando?”.
De novidades, despontará uma corrida maluca para atrair celebridades ao apoio das candidaturas, impulsionada pela licença para que artistas exponham suas preferências políticas em apresentações ou gravações, desde que voluntariamente e sem remuneração.
Mais do que políticos, os influenciadores digitais, com seus milhões de seguidores, serão cobiçados como cabos eleitorais do momento, capazes de converter indecisos.
O que não pode existir é o apoio na eleição para recompensas futuras, sob a forma de contratações pela prefeitura. Um exemplo hipotético: um cantor famoso declara seu voto, não recebe nada agora, mas depois aparece como figurinha tarimbada em shows custeados pela iniciativa pública. É preciso evitar a troca de favores.
Mas foi o ex-jogador Paulo César Tinga, craque unânime e vitorioso tanto no Inter quanto no Grêmio, que lembrou uma regra importante, aplicável como fair play para as eleições de 6 a 27 de outubro: deveria ser proibido, nas propagandas eleitorais, exibir vídeos e fotos de doações e salvamentos nas enchentes.
O maior desastre ambiental da história gaúcha não pode ser usado a favor do oportunismo, da chantagem emocional, da panfletagem ideológica. É uma questão de decência, de bom senso, de respeito, em nome de meio milhão de flagelados e dezenas de mortes. É um chamado para a conscientização, para a responsabilidade.
Propostas de governo relativas à prevenção das enchentes são bem-vindas, mas jamais imagens de líderes em helicópteros ou barcos, numa tentativa de tirar proveito do sofrimento alheio.
Já vislumbro o cavalo Caramelo, símbolo da resiliência dos animais nos telhados gaúchos, sendo disputado para a montaria no desfile de 7 de setembro.
Que o voluntariado dos candidatos nos resgates permaneça secreto, que suas contribuições permaneçam anônimas.
Assim vamos nos precaver dos falsos messias, dos heróis dos likes, daqueles que estavam mais interessados em salvar a sua carreira do que a vida dos seus conterrâneos.
Sabemos o quanto doações são manipuláveis. Há quem tenha se vangloriado de doar um milhão de reais para as vítimas das cheias e o Ministério Público descobriu o verdadeiro comprovante de 100 pilas.