A Expointer é o atalho do campo para as crianças urbanas. A infância de apartamento tem a chance de conhecer a lã das ovelhas, a diferença entre touros e bois, como aprumar a sela e montar nos cavalos, quais as estações do plantio de diversas culturas e os efeitos meteorológicos na colheita, numa imersão com os mistérios e os encantos da vida rural. E não é somente uma exposição para olhar, tem-se o direito de experimentar tirar leite de vaca, subir nos tratores, brincar com os coelhos e chorar alto de birra querendo levar um no colo para casa.
Há uma experiência inédita com mais de seis mil exemplares de animais num único lugar. A cultura gaúcha se abre com os desfiles e leilões das principais raças bovinas e equinas e com as provas de laço.
Mais do que a roda gigante nas dependências da feira, ingressa-se em diversões reais e inspiradoras do nosso interior. É sair da virtualidade para pisar no feno, na palha e na grama, para se aproximar do cheiro do celeiro e dos estábulos. Ensina-se o respeito a uma existência prodigiosa que sustenta a nossa agricultura e pecuária.
Eu criei meu filho Vicente na Expointer. Tudo o que faltava para ele de contato e convívio com os bichos eu busquei corrigir entre três centenas de expositores. Lembro que íamos de Trensurb, atravessávamos a passarela de mãos dadas, e seus olhos mudavam de brilho quando avistavam de longe as esferas cromáticas – “as bolas coloridas”, como ele chamava. Eu explicava que aquelas estruturas reproduziam as cores da bandeira do Rio Grande do Sul, e que vieram da Alemanha, em 1972, ano de meu nascimento.
— Então, são muito antigas, pai — ele me dizia, achando sempre que eu era velho.
Todo pai é sempre velho para os seus rebentos. Mas, durante os nove dias da festa em Esteio, às margens da BR-116, eu me sentia especial, até inteligente, e ultrapassava os limites do meu papel para me tornar um pouco professor de meu filho, repassando a minha vivência em fazendas.
Quem é pai ou mãe não tem ideia do superpoder que ganha dentro de sua residência, com o qual se prova ser capaz de se lembrar daquilo que nem sabia que sabia, das histórias dos avós e dos entardeceres no pampa.
Experimente acordar a memória no sangue: somos centauros na alma, com garupa e pernas de cavalo – por isso fazemos questão de levar nossos pequenos no lombo e nas costas quando eles estão cansados. Somos mochileiros dos nossos eternos bebês.
Talvez tenha sido ali que tive os melhores momentos da minha paternidade, onde dei uma aula de laço nas rédeas, nó que nunca foi desfeito pelo tempo e que firmou meu relacionamento com Vicente.
Além dos negócios, além das cifras, além do aspecto empresarial, além da expectativa de R$ 4 bilhões em vendas no setor de máquinas, a Expointer é o nosso programa familiar preferido.
Começou no sábado e vai até o dia 4 de setembro. Está na sua 45ª edição. Leve o seu lar para o Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Não deixe para amanhã. Não fique adiando. A previsão é de 600 mil visitantes, mas acredito que podemos atingir o 1 milhão, dois terços da população inteira de Porto Alegre. 1 milhão de pessoas para encher a boca de orgulho e mostrar a importância do estado para o país e para o mundo.