Sou uma entusiasta da democracia e do processo eleitoral. Gosto de acompanhar a apuração do rádio desde muito antes de trabalhar com isso. É onde sinto a emoção do tempo real, dos números mudando a cada momento, do breaking news. É que nem jogo de futebol, ouvindo Pedro Ernesto Denardin narrando os gols do Inter na final de uma Libertadores. Faz tempo que isso não acontece, mas é uma forma de ilustrar a magia do rádio.
Sei que é muito mais fácil torcer para Inter e Grêmio e vibrar pelo futebol. A eleição, no entanto, é o momento em que temos um direito muito valioso, que é de escolher quem vai tomar as decisões mais importantes e que impactam na nossa vida pelos próximos quatro anos.
Assim como no futebol, há quem goste mais de um time ou de outro e está tudo certo. Um não vive sem o outro. Os dois se alimentam para tentar vencer do outro. A disputa tem que ser saudável e dentro das quatro linhas. Quando o jogo acaba, é vida que segue, respeitando o resultado do campo. Precisamos lembrar quem fez o gol, mas também quem errou o pênalti, para saber para quem torcer no próximo jogo. Nossa memória eleitoral precisa se inspirar na memória futebolística. Lembramos quem foi o jogador que chutou para fora numa chance clara de gol e mutas vezes não lembramos em quem votamos na última eleição para vereador.
Para este fim de semana primeiro olhei quais são as opções de candidatos à prefeitura da cidade onde eu voto. Quais as propostas para grandes temas. Qual a chance real de execução desses projetos. O histórico. As entrevistas que deram e como se portaram nas conversas e debates.
Para vereador o jogo é mais complicado mesmo. Gramado precisando de manutenção, calorão, refri quente vendido na arquibancada. É o típico campeonato raiz. Tem que garimpar para achar o craque. Fazer peneirão mesmo, pesquisar, assistir aos lances, descobrir quem é o bola cheia e quem é o bola murcha. O artilheiro existe, vai por mim. Ele só não pode prometer fazer ponto por cesta ou saque se no esporte que pratica só pode fazer gol. Quer dizer, não pode um candidato a vereador prometer a paz mundial se ele não vai legislar sobre isso.
Para escolher é preciso fazer a seleção por competência. Jogador que não marca não pode ter espaço no time. Qual é o histórico, como se comporta, no que acredita, quem apoia, o que vai propor se assumir uma cadeira na Câmara. Todos esses elementos podem te ajudar a escolher melhor e a cobrar depois dos eleitos. Participar ativamente do processo democrático pode ser bem mais estressante que um jogo de futebol, mas é importantíssimo para um futuro melhor e com mais responsabilidade.