Ah, Rebeca Andrade! Nem a gente sabia que precisava parar e assistir às competições da ginástica nessa semana. Rebeca, Flavinha, Júlia, Jade, Lorrane. Elas devolveram a esperança e o orgulho de erguer nossa bandeira para todo mundo ver. Agitaram as redes sociais. Nos fizeram sorrir para a televisão no meio da tarde. Tem ainda a Rayssa, a fadinha do skate. O Caio, da marcha atlética. O Medina voando no surfe. No judô, a emoção da Mayra Aguiar e a indignação do técnico Kiko. O ouro da Beatriz Souza!
Foi o André Silva, jornalista que sabe tudo das modalidades olímpicas, que disse na rádio Gaúcha que a Rebeca Andrade é a nossa craque e que está no rol de nomes como Pelé, Ayrton Senna, Hortência e Gustavo Kuerten. Atletas que nos fazem lembrar bons momentos do esporte. Esse é o tamanho da ginasta hoje, para nós e para o resto do planeta. Ela leva nosso nome, nosso ritmo, nossas cores. Faz isso de maneira humilde, serena e encantadora.
Nessa semana viralizou um vídeo de uma reportagem antiga em que a Daiane dos Santos era vista como inspiração a menininhas que treinavam em um ginásio de São Paulo. Uma das entrevistadas era a Rebeca, bem pequenininha, já dizendo qual era o caminho que queria seguir e que era bom ser acompanhada pelas mais experientes. A Daiane abriu caminho e as gurias agora puderam fazer história.
Se a cada quatro anos nos apaixonamos pelos esportes olímpicos e descobrimos atletas dos quais nunca tínhamos ouvido falar, temos que lembrar que eles têm uma vida nas competições. Ouvindo atentamente, vamos notar que cada uma das histórias é especial e, na maioria das vezes, emocionante. Anos de treinamento, de dificuldades, de esporte salvando vidas e construindo carreiras. Histórias de quem cresceu em lugares muito pobres do Brasil e que precisou se virar para não perder as oportunidades. Muitas ficam no caminho. As que se destacam, chegam ao Rio, a Tóquio e a Paris. Nem todo talento tem a sorte de um patrocínio.
Não tem como não comparar com o futebol. A medalha de prata, por exemplo, deu R$ 210 mil reais na competição individual. O ouro, R$ 350 mil. Tem jogador de futebol que ganha isso cada vez que abre os olhos para começar o dia. O sol raiou, caiu na conta. Alguns precisam de um mês, mas ainda assim é um salário muito maior que a média de qualquer profissão. Que a bolha do futebol é diferente, todos sabem. O problema é quando o país do futebol sequer consegue vaga para Paris depois do fiasco no Pré-Olímpico. Quando os jogadores parecem que não estão mais preocupados com o campo, mas somente com a conta bancária. Quando o brilho nos olhos que estamos vendo nos atletas que estão na Olimpíada não aparece mais dentro de quatro linhas do masculino. Queria poder voltar a vibrar também com a seleção brasileira de futebol.