A cerimônia promovida pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) para marcar os 100 dias para a abertura dos Jogos de Paris chegou ao fim com polêmica. Durante o evento, o diretor de marketing Gustavo Herbetta apresentou diversos movimentos que estão sendo feitos pela organização com o objetivo de ampliar o engajamento nas redes sociais e atender um outro público. Dessa forma, nomes como Larissa Manoela e Wesley Safadão foram anunciados como os nove — agora oito — padrinhos do Time Brasil. Segundo Herbetta "para furar a bolha do esporte".
Mas o nono nome apresentado e que estava na cerimônia no Rio de Janeiro causou grande polêmica: Joel Jota, empresário e ex-nadador, que se intitula um dos melhores de sua época e "um dos nadadores mais rápidos do mundo". Como influenciador ele tem mais de cinco milhões de seguidores apenas em uma rede social e isso atende ao que pretende o COB. O detalhe é a forma como ele se vende e isso acabou trazendo a polêmica.
Vários ex-atletas reprovaram a sua escolha. Mas aqui cabe um esclarecimento. Estive no Morro da Urca para acompanhar a cerimônia dos 100 dias e quando Joel Jota foi anunciado, ele foi chamado como padrinho e não mentor.
As manifestações contra sua "convocação para ser mentor", que, repito, não foram as palavras utilizadas na fala de Herbetta e tampouco o que surgiu no telão com os nomes dos padrinhos, rapidamente ganharam as mesmas redes sociais e nomes como Joanna Maranhão e Bruno Fratus foram fortes nas críticas ao ex-colega de profissão, que, apesar de tentar se vender como grande atleta, jamais atingiu o nível dos citados atletas olímpicos.
E mesmo quem não entende de redes sociais, o que é meu caso, sabe que uma repercussão negativa para quem vive de engajamento é terrível. Dessa forma, Joel Jota anunciou que agradeceu o COB pelo convite, mas que está renunciado ao cargo.
Aliás, nada contra os influenciadores. Eles tem um trabalho e um caminho, que para a área de marketing é importante, já que nos tempos atuais as pessoas parecem ter a necessidade de ter outras que as digam o que devem fazer, como se comportar, comprar, onde ir ou não ir ou até mesmo seguir para ficar dentro da bolha da internet. A culpa é dos influenciadores? Não. Ela é de quem acredita que não pode fazer nada sem ser influenciado.
O COB não se manifestou sobre o tema, mas internamente uma avaliação está sendo feita e há um entendimento de que o caso possa ter sido conduzido de maneira equivocada.
E como o espaço é de opinião, acredito que ter pessoas que não vão falar de esporte em evento esportivo é um equívoco. Mas de outra parte, sei que vale muito mais o número de impressões, views, etc, do que realmente algo estruturado e consolidado. E isso vale para qualquer assunto da sociedade.