A disputa pela gestão do skate no Brasil, que neste momento tem uma batalha de bastidores entre Confederação Brasileira de Skate (CBSK) e Confederação Brasileira de Hóquei e Patins (CBHP), tem um prazo definido pela World Skate, a Federação Mundial da modalidade, para acabar: 31 de dezembro.
O imbróglio existe desde 2017 e foi contornado para que a modalidade participasse dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Ele tem origem na determinação de que só exista um representante dos esportes sobre rodas no Brasil. De acordo com a World Skate, se a data-limite não for respeitada, ela irá consultar a autoridade máxima do esporte no país para que ela determine quem deve ficar com a administração do skate brasileiro.
Nos último dias, a CBSK se mobilizou e criou campanhas nas redes sociais e foi apoiada pelos principais nomes da modalidade, como Rayssa Leal, para que ela siga gerindo o skateboarding.
Entidade que é a ligação do esporte no país com o Comitê Olímpico Internacional (COI), o Comitê Olímpico do Brasil (COB) optou por uma posição neutra. Em nota oficial, divulgada após a Assembleia Geral Extraordinária realizada na última sexta, no Rio de Janeiro, a entidade surpreendeu a CBSK, que é quem consta como confederação olímpica no próprio site do COB.
"A Carta Olímpica determina que o COB deve filiar e apoiar a confederação que vier a ser filiada por sua respectiva federação internacional" disse a entidade que completou que "é atribuição exclusiva da World Skate definir qual confederação será a responsável pela representação do skate no Brasil".
Em entrevista exclusiva a GZH, nesta segunda-feira (18), Eduardo Musa, presidente da CBSK se disse surpreso com a posição do comitê brasileiro.
— A gente estranha uma falta de posicionamento mais direto do COB, mas respeita. Mas não temos um segundo sequer de dúvida, que um comitê olímpico desse tamanho não vai querer colocar a preparação para Paris em risco, faltando sete meses. Gostaríamos do posicionamento do COB, estranhamos o fato deles não terem feito ainda, mas estamos tranquilos. Seria uma atrocidade fazer uma troca por um "capricho político" — disse Musa.
O dirigente acrescentou:
— A gente recebeu na noite de sexta um parecer jurídico do Ministério do Esporte, onde eles entendem que eles são a autoridade esportiva brasileira definida no estatuto (da World Skate), porque a Federação Internacional diz que "se as entidades não chegarem a um acordo, a maior autoridade esportiva do país será consultada". E no Brasil é o Ministério do Esporte, através do Conselho Nacional do Esporte (CNE), e a World Skate já foi informada disso e ela deverá consultar o ministério e não o COB— revelou Eduardo Musa.
Nesta terça (19), a CBSK deve lançar mais uma etapa da campanha para reforçar sua posição em não ceder a administração do skate para a CBHP. Em suas redes sociais, a confederação deverá realizar um comparativo com a entidade de hóquei e patins e questionar o público sobre "quem você acha que deve cuidar do skateboarding brasileiro?".