A edição 2023 dos Jogos Pan-Americanos será lembrada pelo esporte brasileiro como mais um passo importante na consolidação de um ousado objetivo traçado anos atrás: o de ser apontado como potência esportiva. O resultado ainda não é definitivo, mas o caminho está traçado e é sem volta.
No Chile, a gigantesca delegação brasileira fez jus ao investimento dos últimos anos, especialmente de duas décadas pra cá. O Brasil deixou de depender de poucas modalidades para ter sucesso. Se antes esperávamos pelo judô, a vela, o atletismo, vôlei, além de um ou outro fenômeno esporádico, hoje em dia temos esportes consolidados dentro do cenário internacional e outros em grande crescimento, casos do boxe e da ginástica.
E a prova disso é que no Pan de Santiago, a equipe brasileira ultrapassou a casa das 200 medalhas, privilégio nas Américas apenas para Estados Unidos, em mais de um oportunidade, e o Canadá em 2015, quando Toronto recebeu os Jogos. Agora, o Time Brasil irá passar pela Cordilheira e voltar para casa com 205 medalhas, recorde de pódios, assim com são os 66 ouros.
Os números são incontestáveis, mesmo que se saiba que o nível técnico do Pan é inferior ao dos Jogos Olímpicos. Mas é fato que um crescimento está ligado ao outro. Desde Santo Domingo em 2003, quando o Brasil empatou com o Canadá, no número de medalhas de ouro, e comemorou o quarto lugar, a cada evento o avanço brasileiro é nítido. E isso sempre teve reflexo no seguinte, que pelo calendário é o de Jogos Olímpicos.
E isso só aconteceu porque o investimento apareceu, através de leis de incentivo, que foram decisivas, assim como programas voltados aos atletas e ao esporte. O esporte pode ser exemplo para muitos jovens, pode ser uma forma de vida sim. Andar de skate era "coisa de desocupado", se dizia na época em que eu, hoje com 51 anos, era adolescente. Isso vale para o surfe e tantas outras modalidades que foram ganhando espaço, ao longo dos anos, e formando ídolos, que passaram a ser exemplos.
Claro que isso não é feito de uma hora para outra. Leva tempo e projeto, algo que o brasileiro não está muito acostumado. Agora tudo é Paris 2024 e arrisco a dizer que as 21 de Tóquio serão superadas e que daqui 263 dias, Rayssa Leal, Filipe Toledo, Rebeca Andrade, Japinha, Bárbara Domingos, Darlan, Bia Ferreira, Bia Haddad Maia, Alison dos Santos, Mayra Aguiar, Hugo Calderano, Daniel Cargnin, Miguel Hidalgo e tantos outros estarão competindo por medalhas e nos enchendo de orgulho.