Estamos a menos de um ano da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Paris e assim como os atletas e equipes, jornalistas e voluntários que trabalharão no evento ou nutrem a expectativa sobre estar nele, atingindo cada qual o seu "índice olímpico", se preparam e sentem uma certa ansiedade, assim como aqueles torcedores que se preparam para acompanhar competições desse porte em grupo, o que é bem comum no mundo todo e que dão um colorido todo especial aos Jogos.
Paris vai marcar a volta do público às arenas olímpicas, algo que a pandemia tirou em Tóquio em 2021. Aliás, a Covid-19 mudou o calendário, já que o ciclo entre o Rio e o Japão foi de cinco anos e o de agora é de três anos. Apenas na caminhada para Los Angeles em 2028 é que as coisas serão reestabelecidas em sua normalidade.
E aqui volto para questões que parecem ser desnecessárias para alguns, mas para quem vive o esporte olímpico são fundamentais: visibilidade, incentivo e formação. E quero trazer o foco para o lado de cá, o do jornalismo.
Claro que em ano olímpico, especialmente nos dias que antecedem os Jogos, nas duas semanas de competição e nos 30 dias seguintes, no máximo, todos os veículos passam a dar importância e as histórias de vida, especialmente dos vencedores serão contadas e eles terão grande exposição e até quem nunca falou ou escreveu uma linha sobre Rebeca Andrade, Marcus D'Almeida, Mayra Aguiar, Alison dos Santos, Ana Marcela Cunha, Hugo Calderano, Rayssa Leal, Manoel Messias, Isaquias Queiroz e Tim Soares irá versar sobre eles como se os acompanhassem por todo sempre.
Os nomes que escolhi são aleatórios, de bem conhecidos a alguns mais específicos. Mas com certeza todos estarão em páginas e manchetes que hoje destacam tudo ligado ao mundo do futebol e que sequer lembram de duas existências no momento.
Mas não é apenas do lado do jornalismo que isso acontecerá. As empresas e marcas que fecharam suas portas quando procuradas para dar um patrocínio, até mesmo pelas leis de incentivo, irão correr para em um curto período se associar aos medalhistas. Porque quem não levar medalha não terá apoio. E é essa a lógica que enfrentam os clubes, que penam para manter equipes e departamentos competitivos.
No Rio Grande do Sul é só perguntar ao Kiko Pereira como começou o projeto de sucesso do judô da Sogipa. Em Santa Cruz do Sul, o basquete campeão brasileiro ficou de portas fechadas por mais de uma década; em Caxias a luta é tamanha para estar na liga; o vôlei gaúcho fechou duas equipes. Sem contar nos atletas de competições individuais.
E claro que não poderia deixar de passar por outro ponto fundamental, a política. Homenagens acontecerão País afora em cada recanto onde tenha brotado um atleta que teve a honra de subir em um dos três degraus do pódio. Será mais um ciclo, não olímpico, e não da forma como os atletas e treinadores desejam.
Aliás, a Olimpíada é daqui um ano. Mas só pra lembrar que em outubro o Chile receberá mais uma edição dos Jogos Pan-Americanos.