Até o momento, os movimentos registrados não ganharam a exata proporção do que poderá ocorrer daqui um ano. Mas a guerra da Rússia contra a Ucrânia, com apoio de Belarus, já está enraizada dentro do esporte e poderá trazer efeitos nos Jogos Olímpicos de Paris.
Porém, as manifestações e posicionamentos de atletas ucranianos sobre como se relacionar com russos e bielorrussos deixam claro que isso poderá ser um tema forte durante os Jogos. O Comitê Olímpico Internacional (COI) busca fazer com que representantes destes dois países participem da competição como atletas neutros, o que é uma solução paliativa.
Na próxima semana, dia 26, o COI, mantendo tradição histórica, fará o envio dos convites de participação nos Jogos Olímpicos para todos os países, mas deixará de fora Rússia e Belarus por conta da guerra. Outra nação não será convidada, a Guatemala, mas essa porque seu Comitê Nacional está suspenso.
A guerra parece não ter um final próximo e é provável que os Jogos Olímpicos tenham que conviver com essa questão. Vale lembrar que duas guerras mundiais já cancelaram o megaevento esportivo. Claro que a proporção era em escala maior. Mas o apartheid e a guerra no Afeganistão geraram boicotes de muitos países, por exemplo. Essa possibilidade já foi debatida por algumas nações, mas sem uma posição definitiva.
Nos últimos meses, o tênis tem sido foco deste tema. Jogadores e jogadoras nascidos na Ucrânia se recusaram a cumprimentar aletas da Rússia e Belarus, o que tem gerado um clima desagradável nos vestiários, onde todos convivem sem qualquer tipo de separação. No Mundial de judô, a delegação ucraniana se retirou do campeonato por conta da liberação para a participação de russos e bielorrussos, alegando que alguns judocas daquele país são soldados da ativa.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, já se posicionou contra a presença de representantes das duas nações em sua cidade, afirmando "que é inconcebível", sugerindo que "os russos dissidentes poderiam participar na equipe de refugiados". Mas, para que isso ocorra, eles teriam que se posicionar contra a guerra promovida pelo governo de seu país.
E sempre é válido lembrar que, na origem dos Jogos Olímpicos, ainda na antiguidade, a competição significava um período de trégua num mundo recheado de guerras e conflitos, algo que nosso "mundo civilizado" parece estar longe de alcançar.