O esporte do Rio Grande do Sul tem um problema que a cada ano se agrava: a falta de investimento. Sim, o que menos se tem no nosso Estado é incentivo ao esporte, exceção feita à dupla Gre-Nal e no futebol, porque os nossos dois grandes clubes, que mobilizam milhões de pessoas em todo o Brasil, sequer cogitam ter equipes de outras modalidades.
Mas o foco não é nem Grêmio nem Inter e sim a falta de investimento e incentivo ao esporte gaúcho. Temos potencial para todas as modalidades e já revelamos grandes atletas para o cenário nacional e internacional, mesmo que muitos deles tenham que ter deixado nossas fronteiras, até de forma precoce, para que pudessem se desenvolver e, fora daqui, se tornaram exemplos para jovens e crianças dos clubes e cidades que os abraçaram.
Claro que temos exceções, e elas precisam ser destacadas. Não citarei todas, mas me permitirei selecionar algumas. O trabalho da Sogipa com sua equipe de judô, do Grêmio Náutico União com seu time de águas abertas, a tradição da vela do Clube dos Jangadeiros e do Veleiros do Sul, o esforço de abnegados que mantém o basquete vivo em Santa Cruz do Sul e Caxias do Sul. Sem falar no futsal que movimenta todas as regiões ao longo do ano ou o ótimo trabalho feito no Recreio da Juventude, em Caxias do Sul.
Aliás, você que lê nesse momento. Vou lhe fazer uma proposta. Tente lembrar o nome de 10 atletas olímpicos gaúchos, medalhistas ou não. Se você tiver dificuldade em preencher estas lacunas, não se culpe. Saiba que se o esporte fosse mais incentivado e por consequência tivesse uma maior visibilidade, esta seria uma tarefa mais fácil do que lembrar da escalação do Rolo Compressor do Inter ou do time campeão do mundo do Grêmio.
E o porque isso ocorre ? Será apenas a maldita monocultura do futebol ? Será uma característica regional ? Enfim, porque raios o esporte não é incentivado no Rio Grande do Sul. Sei que existem leis de incentivo e, graças a elas, algumas modalidades e equipes tem sobrevivência. Mas é pouco. É necessário um investimento governamental, não com patrocínio de clubes, mas com o fomento para o desenvolvimento esportivo a partir das escolas. E isso não é só ter uma quadra mal cuidada para recreação. É ter profissionais qualificados, ter pessoas que possam ao mesmo tempo exercer a atividade curricular e encaminhar os que têm alguma aptidão para clubes. Parcerias poderiam ser formadas, acredito.
Mas, infelizmente, esporte segue sendo tratado como algo secundário, tanto que são raros os casos onde pessoas da área exercem cargos no topo da pirâmide e tem poder de decisão. Para a maioria das pessoas, incentivar o esporte é viabilizar um patrocínio ou outro, e nos momentos de destaque posar para fotos e gravar vídeos ao lado de atletas, que por vezes elas mal sabiam da existência.
E aqui não vou deixar o meu lado do balcão de fora. A imprensa esportiva também precisa mudar seus conceitos e abordagem do esporte, que há muito tempo deixou de ser amador, mas que ainda é tratado, infelizmente, com grandes doses de amadorismo.
Por fim, quero saudar a seleção gaúcha de vôlei, que no último final de semana se sagrou campeã da Divisão Especial do Campeonato Brasileiro de Seleções sub-18 masculino, assim como as seleções gaúchas de vôlei, que entre março e abril ficaram com a medalha de prata da Divisão Especial do Campeonato Brasileiro de Seleções sub-16 masculino e feminino.
Sim, seguimos uma potência no vôlei nacional e revelando jogadores, mesmo sem termos uma equipe em qualquer divisão da Superliga. O potencial e a aptidão estão presentes para todas as modalidades e, com certeza, público para acompanhar também. O que infelizmente falta é incentivo. Porque como já afirmou a ministra do Esporte, Ana Moser, em entrevista à Rádio Gaúcha e GZH, "Você não fala sobre o esporte, você faz esporte"