A semana teve uma notícia surpreendente. A seleção brasileira de judô, convocada para o próximo Campeonato Mundial no Catar, em maio, não apresentava o nome de Mayra Aguiar. Tricampeã do mundo e dona de sete medalhas na competição, além de três bronzes olímpicos, optou por não participar do evento que será disputado de 7 a 14 de maio.
O motivo para que a judoca de 31 anos não dispute o Mundial, segundo a Sogipa, são físicos.
— Optamos por ficar de fora deste Mundial para conseguir tratar algumas pequenas lesões que acabei acumulando nos últimos meses. Mesmo sendo uma das minhas competições favoritas de lutar, sei que em alguns momentos é preciso segurar para se fortalecer — afirma Mayra através da assessoria do clube.
Com um currículo extenso e frequentando a seleção brasileira principal desde a adolescência, Mayra é um verdadeiro fenômeno do esporte mundial. Afinal, poucos atletas se mantêm no alto nível por um período tão longo. Entre a primeira medalha mundialista e o título conquistado no ano passado, são 12 anos, mesmo período que será completado em Paris, entre a primeira medalha olímpica da carreira da gaúcha e quem sabe a tão sonhada medalha dourada.
— Eu quero estar 100% pronta para voltar e isso está próximo de acontecer. A ideia é priorizar o segundo semestre e a preparação para os Jogos Olímpicos — complementa Mayra, deixando claro que seu grande foco está em Paris 2024 e por isso o calendário será meticuloso, para que finalmente ela alcance a medalha que falta em sua carreira, a de ouro olímpica.
Além desta questão de recuperação de pequenas lesões que a incomodam, Mayra também utilizará esse período para descansar a cabeça. A pressão por resultados, o desgaste diário de treinamentos, a rotina, as inúmeras recuperações de lesões, incluindo algumas cirurgias, também são razões que levam a esse desgaste.
Mayra faz parte de uma geração que impulsionou ainda mais o judô brasileiro e que tem alguns nomes que estão deixando o esporte aos poucos, como Maria Suelen Altheman e Maria Portela, por exemplo.
Aliás, quando acompanhei o último treino de Portela na Sogipa, dias antes do anúncio oficial de sua aposentadoria, pude ver uma Mayra Aguiar visivelmente emocionada naquele momento. Quem sabe até mesmo refletindo sobre o futuro.
O que sabe é que se tudo correr bem ela estará em Paris para no dia 1º de agosto de 2024 para lutar por sua sonhada medalha de ouro e dois dias depois, quando completará 33 anos, poderá ajudar a seleção brasileira na competição por equipes mistas. E não será surpresa que esta seja sua última competição defendendo as cores do Brasil, afinal até os maiores precisam descansar de longas batalhas.