Você já ouviu ou leu sobre a chamada "regra do calor extremo" ? Pois saiba que ela existe e está sendo aplicada no Aberto da Austrália, o primeiro dos quatro torneios do Grand Slam do tênis. Nesta terça-feira (17), quando os termômetros marcaram 35 graus o alerta foi ligado e com 36 e sensação próxima dos 40 graus, a organização da competição acionou o dispositivo e simplesmente paralisou todas as partidas, com exceção das que poderiam ser jogadas em quadra coberta, onde os estádio possuem sistema de ar condicionado.
O debate sobre a influência das condições climáticas no desempenho dos jogadores não vem de hoje. Porém, só na última década é que ela passou a ser mais fortemente debatida e gerou medidas como essa "regulamentação para atuar em condições adversas". Para que se chegue a um denominador comum, alguns fatores são levados em consideração, de acordo com a medida Wet Bulb Glob Temperature (WBGT), que combina medições de temperatura, umidade, velocidade do vento, pressão atmosférica e até radiação infravermelho e que serve como medida para o torneio de Melbourne.
Desta forma foi criada uma escala de 1 a 5 que tem suas determinações. De 1 ao 3, não serão tomadas medidas especiais, ou seja, os encontros vão ser jogados dentro da normalidade. No 4, os jogadores poderão ter descansos mais prolongados para se hidratarem e no 5, o jogo pode mesmo ser suspenso até que se voltem a reunir condições para a prática da modalidade. Em caso da escala atingir o nível 4, será permitido um descanso de 10 minutos entre o terceiro e quarto sets, no masculino, e entre o segundo e o terceiro, no feminino.
Nesta terça, quando os jogos da primeira rodada ainda estavam sendo disputados, muitos deles foram paralisados por essa determinação já que os padrões chegaram ao nível 5.
Essa preocupação com a saúde dos atletas é algo que não se vê em diversos campeonatos de futebol, por exemplo. O nosso Gauchão, que terá início neste sábado, não tem determinação de que o calor extremo possa paralisar uma partida. Ao menos não de forma tão direta como ocorre na Austrália. Assim, veremos jogos com altas temperaturas e jogadores rendendo até mesmo abaixo do esperado.
Mas e qual seria a solução ? A questão de transmissão, sempre usada como bengala por dirigentes de federações para justificar várias questões não pode ser usada, até porque o Aberto da Austrália é transmitido para o mundo todo e sua premiação total é de 76,5 milhões de dólares australianos (R$ 272,9 milhões), valor bem superior ao distribuídos na maioria dos campeonatos realizados no Brasil, por exemplo.
A solução sempre é vista como utopia, já que nem clubes e atletas, que reclamam do calendário, tomam à frente nestas questões pelo fato de se submeterem ao que o mundo do futebol determina. Aqui, no Rio Grande do Sul, o Gauchão já teve a "rodada do termômetro" por determinação judicial e à época, a preocupação maior foi desmerecer a decisão e achar subterfúgios na hora da medição para dar condições de jogo, o que fez alguns árbitros medirem a temperatura em locais que não recebiam os raios solares de forma direta.
Este exemplo dado na Austrália é apenas um dos tantos que diferenciam grandes eventos, onde existe a preocupação com desempenho, saúde, espetáculo e presença de público, e o que recebemos anualmente na maioria dos nossos campeonatos de futebol.