Bia Haddad conseguiu, nesta quinta-feira (11), um dos maiores feitos de sua carreira nas oitavas de final do Masters de Toronto. Em uma temporada iluminada, com dois títulos na grama e o vice de duplas do Aberto da Austrália, a tenista derrotou a polonesa Iga Swiatek, atual líder do ranking mundial.
Bia atualmente é a número 24 do mundo e tem um potencial excepcional. Alta, forte, canhota e com todos os golpes, ela tem todas as condições de ingressar no top 10 e passar a alçar voos ainda maiores.
Promessa desde os tempos de juvenil, quando, em duas oportunidades, disputou a final de duplas em Roland Garros e acabou ficando com o vice em ambas, a paulista já havia obtido outras quatro vitórias contra tenistas que estão entre as 10 primeiras do ranking. Mas jamais diante da número 1 do momento. Aliás, em 2022, Swiatek perdeu pela sexta vez em 55 jogos.
O desempenho no Canadá já deve colocar a canhota brasileira entre as 20 melhores, algo inédito para o tênis feminino do Brasil desde a criação do ranking, em novembro de 1975. Aliás, de lá para cá, apenas 28 mulheres ocuparam a condição de número 1, o que amplia ainda mais o feito da brasileira.
É sempre bom lembrar que quando a pandemia começou, em março de 2020, ela cumpria suspensão por doping por conta de uma contaminação involuntária. Bia estava ingerindo um componente multivitamínico para complementar dieta e exercícios, prescrito por um médico. Sem poder jogar, Bia chegou a cair para o 1342° lugar do ranking e, quando os torneios foram retomados, precisou atuar nas competições menores.
Mas nada a abalou e Bia, que declarou ao receber o comunicado de suspensão ter ido do "céu ao inferno" e que "tinha sido um soco no estômago", não desistiu. Com muito trabalho e resiliência foi acumulando vitórias, pontos e títulos. Desde que voltou a jogar, ganhou os dois primeiros WTA da carreira, um Challenger e mais nove torneios de premiação baixa até chegar a atual temporada, onde soma 37 vitórias em 52 partidas.
Antes que alguém pergunte por Maria Esther Bueno — que faleceu em 2018, ganhou sete títulos de simples em Grand Slam e foi apontada na década de 1960 como a melhor jogadora em atividade, mas sem um ranqueamento oficial —, ela segue sendo uma das maiores de todos os tempos. No entanto, Bia tem tudo para escrever a sua história e, com certeza, será uma das maiores páginas do esporte brasileiro.
Que o exemplo de Bia Haddad seja seguido por jovens atletas que desejam se tornar profissionais, independente da modalidade. Trabalho, dedicação, superação, resiliência e amor ao que faz são características dos grandes vencedores.