A doença de Newcastle, identificada em uma granja de Anta Gorda, no Vale do Taquari, pode ser transmitida das aves para o homem. Porém, conforme o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS), o contágio é "extremamente raro".
A entidade afirma que "a principal forma de transmissão ocorre através do contato direto com aves infectadas ou com secreções respiratórias e excreções destas aves" (confira a nota abaixo).
Nesta sexta-feira (19), a reportagem de GZH entrevistou a médica-veterinária Maristela Lovato, professora titular aposentada da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), integrante da Academia Rio-Grandense de Medicina Veterinária e conselheira titular da diretoria do CRMV-RS.
— A doença de Newcastle é transmissível para o ser humano. Só que ela não tem o potencial patogênico como a Influenza aviária, que é mais grave e produz mortalidade em humanos. A doença de Newcastle em humanos produz uma gripe — esclarece a médica-veterinária.
Também não há casos de transmissão da doença para o homem por meio de ingestão de carne de aves infectadas. Segundo a médica-veterinária, a exportação da carne é trancada pela possibilidade de o vírus sobreviver ao congelamento e se espalhar para a criação avícola de outros países.
— Em 1979, acompanhamos um surto em Cruz Alta em que as pessoas adoeceram. O principal sinal que dá nas pessoas é a conjuntivite. Mas não dá mortalidade — detalha Maristela.
Também não há relatos de transmissão da enfermidade de pessoa para pessoa.
Na quinta-feira (18), o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Marcelo Mota, abordou, durante entrevista coletiva, a possibilidade de contágio entre animais e humanos.
— (A doença de Newcastle) não tem impactos diretos relacionados à saúde humana. Os produtos advindos de propriedades que não têm casos confirmados de doenças seguem aptos ao consumo humano, com exceção da propriedade onde ocorreu o foco.
O Departamento de Saúde Animal e Insumos Pecuários, integrante do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) classifica a doença como "altamente contagiosa" entre as aves. "É uma zoonose que pode causar conjuntivite transitória em humanos", registra o órgão em ficha técnica sobre a patologia.
Nota do CRMV-RS sobre a doença de Newcastle
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS) vem a público esclarecer sobre a atual situação relacionada à Doença de Newcastle, uma enfermidade que afeta a avicultura doméstica, silvestre e a criação comercial.
É fundamental destacar que a Doença de Newcastle é de notificação obrigatória para médicos-veterinários, que devem comunicar imediatamente as autoridades sanitárias em caso de suspeita. A disseminação da doença requer a adoção de medidas rigorosas, conforme orientações do Ministério da Agricultura e da Organização Mundial de Saúde Animal, incluindo o estabelecimento de um vazio sanitário com o sacrifício de aves afetadas, a interdição da propriedade e a delimitação de uma zona de proteção de 3 quilômetros e zona de vigilância de 10 quilômetros do foco.
À medida que novos casos são confirmados, o raio de inspeção é ampliado, procedimento que já está sendo executado no estado gaúcho com todas as precauções necessárias.
Outro ponto de fundamental relevância refere-se ao fato de não haver qualquer risco de consumo de aves que tenham selo de inspeção. Isso significa que o alimento é seguro para consumo.
O contágio da Doença de Newcastle de aves para humanos é extremamente raro. A principal forma de transmissão ocorre através do contato direto com aves infectadas ou com secreções respiratórias e excreções destas aves. Em condições excepcionais, pode ocorrer infecção em humanos que estão frequentemente em contato próximo e prolongado com aves doentes.
Os sintomas em humanos são geralmente leves e se assemelham aos de uma gripe comum, incluindo febre, conjuntivite, dor de cabeça e sintomas respiratórios leves. Geralmente, a recuperação ocorre em cerca de uma semana.
É importante ressaltar que não há relatos de mortalidade significativa em humanos devido à Doença de Newcastle. No entanto, medidas de precaução devem ser tomadas por aqueles que trabalham diretamente com aves infectadas, incluindo o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) apropriados, como máscaras respiratórias e luvas, além da adoção de práticas rigorosas de higiene.
O CRMV-RS reitera seu compromisso com a saúde animal, a segurança alimentar e a cooperação com todas as partes envolvidas para mitigar os impactos dessa enfermidade, assegurando a continuidade da produção avícola com qualidade e responsabilidade.