A agricultura brasileira bateu recordes em várias culturas importantes no ano passado, que fizeram com que o valor de produção atingisse o recorde de R$ 343,5 bilhões, alta de 8,3% em relação ao ano anterior. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (5), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na publicação Produção Agrícola Municipal (PAM 2018).
De acordo com o gerente de Agricultura do IBGE, o engenheiro agrônomo Carlos Alfredo, as principais explicações para o recorde no valor de produção foram as boas condições climáticas no início do ano para algumas culturas. O clima foi ruim para a segunda safra do milho mas, em termos de valor, a falta do grão fez com que o preço do produto subisse. Foram plantados ao todo 78,5 milhões de hectares, redução de 0,6% na comparação com 2017.
Alfredo observou que quando se olha o grupo dos grãos, principais produtos na categoria de cereais, leguminosas e oleaginosas, percebe-se que não conseguiu ser batido em 2018 o recorde de 2017, quando o clima foi excelente para as culturas.
– A gente teve produção de 227,5 milhões de toneladas. É uma queda de 4,7% em relação ao ano anterior, mas, mesmo assim, foi um bom resultado – afirma.
Em termos de valor da produção, essa categoria de produtos somou R$ 198,5 bilhões, expansão de 13,6%.
– É a questão dos preços, que aumentaram bastante em 2018 – explica Alfredo
O gerente do IBGE acrescenta que, apesar da queda de 16% na produção de milho, ocorreu aumento de 14,1% no valor.
As 10 principais culturas (soja, cana-de-açúcar, milho, café, algodão herbáceo, mandioca, laranja, arroz, banana e fumo) representaram quase 85,6% de todo o valor gerado no ano passado. A soja liderou, com participação de 37% no valor da produção, seguida pela cana-de-açúcar (15%) e milho (11%).
Soja
A PAM 2018 revela que desde o início do Plano Real, em 1994, a soja liderou o ranking de culturas nacionais em termos de valor da produção, à exceção de 1996, quando foi substituída pela cana-de-açúcar. Em 25 anos, a soja subiu de um patamar anual de R$ 3,8 bilhões para R$ 127,5 bilhões, em 2018, incremento de 3.222,1%, com a área colhida evoluindo 201,6% (de 11,5 milhões de hectares para 34,8 milhões de hectares. A produção de soja cresceu 372,8% no período (de 24,9 milhões de toneladas para 117,9 milhões de toneladas).
Maior produtor
O município que mais se destacou no país no ano de 2018 em termos de valor de produção foi São Desidério (BA), beneficiado pelas condições climáticas favoráveis da região. A cidade baiana arrecadou R$ 3,6 bilhões em valor de produção, aumento de 54,4% em comparação com 2017. A principal cultura local é a soja, cuja colheita de 1,6 milhão de toneladas rendeu R$ 1,8 bilhão.
Conforme o gerente de Agricultura do IBGE, São Desidério também é grande produtor de milho e de algodão herbáceo. O algodão é um produto que tem alto valor agregado. Isso fez com que o município, somando todas as culturas, se destacasse como o primeiro do Brasil.