Com uma proposta de construir a primeira planta de biocombustíveis avançados na América do Sul, por meio da produção de diesel e querosene renováveis, o empresário gaúcho Erasmo Carlos Battistella foi convencido de que o melhor local para receber o investimento de US$ 800 milhões (R$ 3,1 bilhões) é o Paraguai. Os argumentos para a decisão final vieram do próprio presidente do país, Mario Benítez.
– Fomos convidados pelo governo paraguaio, que se colocou à disposição para ajudar no que for preciso, na questão burocrática. Criamos uma relação de confiança – conta Battistella, que reuniu-se com Benítez no Palácio de Los López, sede do governo, no final de fevereiro, quando assinaram memorando de entendimento para dar continuidade ao plano de investimentos.
Além da relação cordial, também pesou na decisão a matriz tributária simplificada, o custo da energia elétrica no país vizinho – um terço menor do que no Brasil – e a disponibilidade de água do Rio Paraguai.
O município a receber o empreendimento ainda está sendo definido, na região metropolitana de Assunção.
Batizado de Ômega Green, o parque industrial terá capacidade de produção diária de até 16,5 mil barris de diesel e querosene renováveis. A maior parte dessa produção será voltada à exportação para países signatários do Acordo de Paris, que buscam reduzir as emissões de gases de efeito estufa por meio da substituição dos derivados de petróleo.
– Nossa planta terá capacidade de produzir o chamado hidrogênio azul, uma demanda crescente em países desenvolvidos que buscam biocombustíveis renováveis – explica Battistella, proprietário da ECB Group, holding de investimentos do setor de agroenergia.
Em fase de engenharia, o empreendimento começará a ser construído em 2020. Serão 3 mil empregos diretos durante a obra. Quando entrar em operação, em 2022, a previsão é gerar 400 empregos diretos e 2 mil indiretos.
Fabricante de máquinas investe em formação de mão de obra
A escassez de mão de obra especializada nas lavouras do Paraguai levou a fabricante de máquinas agrícolas New Holland a instalar um centro de treinamento no país. O local foi inaugurado em março em Colonia Yguazú, no departamento de Alto Paraná. Os cursos de operação dos equipamentos são voltados a produtores, técnicos, operadores e estudantes.
– Além de suprir a carência de mão de obra, o centro tem um caráter social, de oferecer oportunidades para os paraguaios ficarem no campo – disse o argentino Osvaldo Suárez, idealizador do projeto e coordenador de serviços da New Holland para a América do Sul.
A motivação para o investimento veio do crescimento contínuo do mercado agrícola nos últimos anos e também de uma pesquisa feita pela multinacional no mercado paraguaio.
– A maioria dos nossos clientes apontou a falta de mão de obra como um dos principais desafios – relatou Rafael Miotto, vice-presidente da New Holland para a América do Sul.
Com cerca de 50 mil tratores no mercado, a estimativa é de que haja menos de um terço de operadores de máquinas. O investimento inicial da fabricante no empreendimento foi de US$ 500 mil, em parceria com o Centro Tecnológico Agropecuário do Paraguai (Cetapar) e com as revendas Ciabay e Tape Ruvicha.
O centro foi instalado ao lado da área onde foi realizada a 3ª Innovar Feira Agropecuária. Organizado por 47 empresas privadas, o evento recebeu mais de 15 mil visitantes – quase 70% produtores brasiguaios.
– A ideia é firmar a feira como a principal do agro no país – disse Carlos Gomez, gerente–geral da feira.