Com a chegada dos caminhões carregados com uvas viníferas às cantinas da serra gaúcha, a safra colhida vai ganhando cores. A projeção é de que cerca de 550 mil toneladas da fruta sejam descarregadas até março, volume 17% menor do que no ciclo passado, quando foram colhidas 663 mil toneladas. A queda se deve ao granizo que atingiu parte dos parreirais no final de outubro. Temor que ainda abala os produtores da região, já que as previsões de temporais são diárias.
— Como tivemos inverno rigoroso, a brotação foi uniforme nos vinhedos, o que leva a prever produtividade acima da média — explica o enólogo Ricardo Morari, da vinícola Garibaldi.
A expectativa é de recebimento de uvas de qualidade e de maturação adequadas. Morari explica que, durante a fase de floração, o excesso de umidade exigiu cuidado maior para evitar a incidência de doenças.
— Trabalhamos métodos de manejo como desfolha e desbrote para minimizar o impacto de fenômenos climáticos adversos — relata o enólogo.
O produtor de uva Daniel Balbinot cultiva 11 hectares de parreirais em Monte Belo do Sul. A previsão é colher 200 mil quilos até o início de março.
— A qualidade está boa. Mas é preciso que pare de chover e que o sol apareça por vários dias seguidos — avalia.
Além disso, o temor de temporais com ventos e granizo vem tirando o sono de muitos produtores.
— Quando descarrego um caminhão, respiro e penso: “Ufa, mais uma carga foi garantida” — conta Balbinot.