O arroz e a carne bovina, dois entre os principais ingredientes da culinária brasileira, representam 42% do volume de alimentos jogados fora no país. Se adicionado o típico feijão, o desperdício chega a quase 60% de toda a comida jogada fora pela famílias brasileiras, revela pesquisa feita em 1.764 lares pela Embrapa e Fundação Getulio Vargas (FGV). E engana-se quem pensa que os números variam conforme a classe social ou região. O comportamento comum entre famílias de diferentes perfis é determinado por um hábito enraizado entre a população brasileira: a mesa farta.
– O problema é cultural, a preferência pela abundância.
A questão envolve a necessidade de uma mudança comportamental, de maior conscientização – avalia Gustavo Porpino, coordenador da pesquisa e analista de inovação da Embrapa. Os hábitos que levam ao desperdício vão desde manter geladeira e despensa cheias, fazer grandes compras mensais (os chamados ranchos) até a falta de planejamento das refeições diárias.
– Essa necessidade do brasileiro ocorre em função de a compra dos alimentos ser a prioridade do orçamento familiar – analisa Porpino.
O não aproveitamento das sobras das refeições é outro fator apontado para explicar o alto desperdício de alimentos no país. – As famílias brasileiras desperdiçam, em quantidade relativamente grande, até mesmo alimentos mais caros e proteicos, como carne bovina e frango, um dado surpreendente – comenta Carlos Eduardo Lourenço, professor de marketing da FGV.
No Rio Grande do Sul, o mesmo padrão de desperdício foi revelado pela pesquisa, com algumas nuances locais, como o descarte de alimentos como polenta e carne de costela. A pesquisa, que abrangeu diferentes classes sociais de todas as regiões brasileiras, foi desenvolvida dentro do Diálogos Setoriais União Europeia – Brasil, liderado pela Embrapa e apoiado pela FGV.
Como evitar perdas
- Antes de ir ao mercado, faça um planejamento dos pratos que serão preparados. Assim evita-se a aquisição de alimentos desnecessários.
- Sirva no prato quantidades adequadas para evitar desperdício ou consumo excessivo.
Armazene as sobras de comida de forma adequada para reaproveitá-las em
outra refeição.
- Faça compostagem de restos de alimentos e cascas de frutas, produzindo adubo.
- Cultive uma horta doméstica para a produção de alimentos em casa.
- Interessados na produção de composteiras para ambientes urbanos e no plantio em pequenos espaços podem participar da Praça de Segurança Alimentar e Nutricional, evento da Semana da Alimentação do RS, que começa no próximo dia 16. A oficina, iniciativa da Emater, ocorre na Redenção, dia 21 de outubro, das 10h às 16h.
Produção: Letícia Paludo