Produtores de leite de todo o país sentem os efeitos da greve dos caminhoneiros e veem milhões de litros serem descartados. Na região de Passos, no sul de Minas Gerais, mais de 500 mil litros já foram jogados fora porque, com a falta de transporte, o produto se perde em pouco tempo e não há como utilizá-lo.
Nas proximidades, caminhões seguem parados em mais de 20 rodovias, porém, os protestos afetam também outras regiões do Estado, caso do sudoeste mineiro, onde 150 mil litros serão descartados nesta quinta-feira (24).
Segundo a Associação dos Produtores de Leite, a situação gera "sentimentos de tristeza, indignação e revolta com nossos governantes".
A entidade explicou em nota que o alimento será descartado como chorume nas fazendas, "enquanto tantas pessoas necessitam dele, pois somos proibidos de doá-lo sem que seja pasteurizado".
Para piorar, além de jogar o leite fora, produtores dizem que o risco é grande de começar a faltar ração para os animais.
Em outros Estados, o problema também é sentido. No Rio Grande do Sul, o Sindicato da Indústria de Laticínios estima que 4 milhões de litros já deixaram de ser captados devido ao movimento dos caminhoneiros.
No Mato Grosso do Sul, que soma 24 mil produtores, a falta de transporte também ocorre e eles dizem que começarão a descartar o produto. No Estado são mais de 30 pontos de bloqueios nas rodovias.
Armazenamento
No Paraná, o Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados (Sindileite) informou que o leite é jogado fora pelo produtor "por não ter como estocar em suas propriedades". E que diversas agroindústrias suspenderam as atividades e não estão recebendo o produto in natura.
Já no Rio de Janeiro, a Cooperativa Agropecuária de Barra Mansa esclareceu que "com muito ressentimento e dor no coração", os produtores serão obrigados a descartar mais de 130 mil litros de leite por dia "que centenas de pessoas envolvidas labutaram para produzir".