Indústrias que dependem das rodovias para receber matéria-prima e escoar a produção resolverem se antecipar ao movimento de paralisação dos caminhoneiros. Para garantir a passagem em um período importante de vendas do ano, estão com os departamentos jurídicos de prontidão, para buscar liminares de desbloqueio das vias, se necessário for.
- Na greve de fevereiro, buscamos medidas para liberar as estradas. Há ainda liminares que poderão ser utilizadas - afirma Alexandre Guerra, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat-RS).
A antecipação é proporcional à preocupação com o fluxo da carga, altamente perecível. Depois de recolhido, o leite precisa chegar para processamento em prazo máximo de vinte e quatro horas. Na paralisação de fevereiro, além de dificuldades para receber a matéria-prima, os laticínios tiveram problemas de distribuição de embalagens e até de fornecinento de lenha.
- O leite que não chega, não vai mais chegar. E produto perdido, é faturamento que não se tem. É preciso lembrar que por trás disso tudo existem
cerca de 100 mil produtores - pondera o dirigente.
Para a indústria de proteína animal, o período do ano é especialmente sensível, quando é feito, sem paradas, o abastecimento e reabastecimento do varejo com as aves natalinas. A alta registrada em volume de vendas nesta época do ano costuma ser de 20% a 30%.
- A hora de greve não é essa. É justamente quando aumentamos o fluxo comercial, o que dá uma oxigenada para atravessarmos o período de férias - avalia José Eduardo dos Santos, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
A entidade, ao lado de Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos e Derivado (Sips), Sindilat-RS e sindicato de carnes de SC e PR, formou grupo anti-crise, para tratar do assunto greve. Hoje, quando deve ser o primeiro dia de greve, será feita uma avaliação. Se preciso, o grupo está disposto a adotar medidas de abrangência nacional.
Igualmente preocupante é a distribuição de milho para ração. A falta do alimento coloca em risco a imunidade e a saúde dos animais.
O governo estadual já foi solicitado a "colocar as forças competentes para desobstruir as estradas", explica Dos Santos.