A cada novo dia de chuva, produtores gaúchos recalculam as perdas nas lavouras de trigo - atingidas em cheio pelo excesso de umidade. A situação que já preocupava devido a uma forte geada em setembro é agravada agora com precipitações às vésperas da colheita.
- A combinação de umidade e temperaturas altas facilita o surgimento de doenças, que nessas alturas o produtor não consegue mais atacar - lamenta Claudio Dóro, gerente regional adjunto da Emater de Passo Fundo.
E não é somente o volume a ser colhido que deverá ser reduzido, mas a qualidade do grão. Se não tiver qualidade mínima, o trigo não é aproveitado para moagem, podendo ser destinado apenas para ração animal. Dessa forma, o preço cai quase pela metade.
- As perdas são irreversíveis. Há produtores que não irão nem colher, irão apenas limpar a área para plantar a soja - completa Dóro.
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O excesso de chuva preocupa também os arrozeiros, que já semearam 20% da área prevista para a próxima safra e aguardam as águas baixarem para continuar o plantio. Nas áreas de várzea, as lavouras estão debaixo d'água.
- É preciso uns 10 dias de tempo seco para conseguir entrar na lavoura novamente. Provavelmente a safra será prejudicada, embora ainda seja cedo para quantificar - indica Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS).
Trigo
Com 5% da área colhida no Estado, a safra de trigo foi prejudicada pela geada em setembro e excesso de chuva em outubro. Entidades estimam que as perdas fiquem ao redor de 30%, podendo ainda aumentar ao longo do mês. Os prejuízos englobam a queda na qualidade do grão, o que reduzirá o preço de venda.
Arroz
As lavouras que já foram plantadas, cerca de 20% da área total, estão debaixo d'água, especialmente nas áreas de várzea. Embora sejam cultivadas em terrenos inundados, as plantas precisam de luminosidade para se desenvolver. A necessidade de 10 dias de tempo seco para continuar preparando a safra preocupa os arrozeiros, que poderão perder a janela de plantio.
Fruticultura
O excesso de chuva prejudica também a fruticultura, especialmente a produção de uva, morango, pêssego e amora. O aparecimento de doenças e a baixa floração comprometem as culturas. Produtores da Serra calculam perdas nas videiras, danificadas pela geada e chuvarada.