Com o motor dos negócios da feira em marcha reduzida, a Expointer encerrou neste domingo a 38ª edição com comercialização de R$ 1,708 bilhão, 37% abaixo do ano passado. O resultado foi reflexo direto da recessão e das incertezas que rondam o país. Com o agricultor cauteloso, bancos com postura seletiva e juros mais altos, as máquinas agrícolas contabilizaram potencial de negócios de R$ 1,69 bilhão, também 38% abaixo de 2014.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers), Claudio Bier, pondera que, apesar de o número ter sido inferior, este ano foi observado uma postura diferente durante a feira. Com as instituições financeiras tradicionais mais retraídas, muitos produtores preferiram barganhar e comprar à vista, capitalizados pela sequência de boas safras no Estado, ou então encontraram crédito nos bancos das próprias fabricantes. Com isso, avalia o dirigente, a Expointer 2015 deve ter um percentual maior de vendas concretizadas em relação aos números anunciados em outros anos, já que a maior parte do volume de negócios informado ao final da feira se refere a propostas de financiamento e nem todos os negócios acabam fechados.
- Normalmente, concretizavam-se de 60% a 70% dos negócios. Agora, será entre 80% e 90% - aposta Bier.
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Puxados pelo cavalo crioulo, que não tem em sua dinâmica de comercialização o financiamento bancário, os animais foram na contramão. A venda chegou a R$ 15,38 milhões, 24% acima da Exponter anterior. Apenas a raça equina símbolo do Rio Grande do Sul respondeu por mais de R$ 12 milhões.
- A venda de cavalos crioulos está crescendo para todo o país - disse José Laitano, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC).
Sucesso de público, a agricultura familiar foi outro segmento a fazer bonito: comercializou R$ 2,2 milhões, 13% a mais do que na última edição da Expointer. E poderia ter sido mais, embalado pelo público de 509 mil pessoas que circulou pelo Parque de Exposições Assis Brasil durante a feira - na edição anterior, chegou a 502 mil.
- Por que não foi melhor? Muitas bancas fecharam ontem (sábado) porque não tinham mais produtos para ofertar - observou o secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Tarcísio Minetto.
Para o secretário estadual da Agricultura, Ernani Polo, além da sorte de este ano não ter ocorrido chuva, a Expointer 2015 pode ser considerada exitosa por ter transcorrido sem incidentes, após o receio de que tivesse de ser adiada ou até não realizada em razão da demora para recuperar os estragos no parque provocados pelos temporais de dezembro do ano passado, quando 70% das instalações foram danificadas.
O governador José Ivo Sartori, que também participou da divulgação dos números finais da Expointer, disse estar satisfeito com o resultado.
- A gente imaginava que a venda de máquinas pudesse cair até 70% - lembrou Sartori, também demonstrando alívio porque os protestos de servidores - como o dos técnicos que precisam avaliar a sanidade dos animais que ingressam no parque - acabaram não penalizando o evento.
* Zero Hora