Se depender da atual intenção de plantio dos produtores gaúchos, a área cultivada com soja no próximo verão avançará 3% em relação ao último ciclo, chegando à marca histórica de 5,37 milhões de hectares, conforme levantamento feito pela consultoria Safras & Mercado. A diferença de 150 mil hectares a mais deverá ser obtida principalmente sobre o espaço destinado ao milho, que poderá encolher 8,9%.
- Praticamente toda essa área migra para a soja, devido à rentabilidade do produtor, que continua sendo melhor. O impacto do aumento de custos foi maior para o milho - explica o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Roque.
No Centro-Oeste, acrescenta, produtores vão diminuir a primeira safra de milho para plantar soja, transferindo o espaço para a segunda safra - a chamada safrinha, que não existe no Rio Grande do Sul. Enquanto a área nacional da oleaginosa deve aumentar 3,8%, a do milho deve ter recuo de 9,7%.
Gisele Loeblein: soja e trigo, uma parceria antiga colocada em discussão
Presidente da Associação dos Produtores de Milho do RS (Apromilho), Cláudio de Jesus tem uma percepção diferente. Para ele, nos últimos 10 dias, muitos agricultores mudaram de opinião. É que a chuva intensa estaria causando prejuízos na produção do Centro-Oeste, com impacto sobre o preço. Além da rentabilidade, a cultura, alerta, tem outra relevância para o produtor:
- É importante fazer a rotação. Não se pode pensar a lavoura só para um ciclo, é preciso enxergar a propriedade dentro um contexto.
Com relação ao mercado, as atenções se voltam aos Estados Unidos, balizador das cotações mundiais e que colhe antes do Brasil. Para o analista da Safras & Mercado, apesar do atraso no plantio, que mexeu um pouco com as cotações, não há, por enquanto, indicativo de redução significativa da colheita. Roque entende que a produção americana teria de ficar abaixo de 100 milhões de toneladas para ter impacto significativo na Bolsa de Chicago.
- O câmbio seguirá sustentando os preços para o produtor brasileiro - completa Roque.
Também é importante ficar de olho no clima. O Rio Grande do Sul está de novo sob efeito do El Niño, mais forte do que o registrado na safra passada. Isso se traduz em chuva por vezes excessiva, que pode comprometer a produtividade.
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