Parecem coisas diferentes e distantes. Durante o anúncio do Plano Safra estadual, no entanto, a crise trazida pelo calote grego, o déficit público gaúcho e os recursos liberados para produtores dividiram espaço.
Se há o reconhecimento de que a manutenção do Plano Safra estadual diante do atual quadro financeiro do Estado é importante, também é verdade que ficou um gostinho de quero mais com relação a alguns pontos do anúncio feito para 2015-2016. Serão R$ 2,8 bilhões, alta de 2,19% em relação ao ano passado.
O maior volume virá do Banrisul (R$ 1,9 bilhão), seguido de BRDE (R$ 500 milhões) e Badesul (R$ 400 milhões). Serão R$ 1,3 bilhão para linhas de investimento e R$ 1,5 bilhão para custeio, com juros que vão de 2,5% a 12%. Não haverá, neste ano, aporte de recursos do Tesouro estadual.
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O governador José Ivo Sartori saiu sem falar com a imprensa. No discurso, voltou a repetir que "o Estado já faz muito se não atrapalhar". E tocou no assunto finanças, citando o valor do calote da Grécia para fazer uma comparação:
- Seriam, em reais, R$ 5,4 bilhões, que é o que o Estado terá de déficit no ano de 2015.
O reajuste tímido do Plano Safra diante do aumento dos custos de produção é um dos pontos questionados. Presidente licenciado da Federação dos Trabalhadores na Agricultura, o deputado estadual Elton Weber (PSB) diz que o percentual não cobre integralmente a alta dos custos dos últimos 12 meses, com variação de 12% a 15%.
- Aportar recursos é importante, agora precisamos saber o que vai para onde - diz Sérgio Miranda, tesoureiro-geral da Fetag-RS, sobre a necessidade de esclarecer quanto será destinado à agricultura familiar.
Coordenadora da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-RS), Cleonice Back também cobrou o detalhamento do crédito que será voltado aos pequenos produtores. Outro ponto que frustrou a entidade foi a falta de recursos para o Bolsa Jovem Rural.