Definição a ser tomada pelo conselho de administração da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS) poderá reabrir a discussão sobre a cobrança de royalties da segunda geração da soja transgênica da Monsanto - a Intacta RR2. Ainda não há um consenso na entidade sobre o tema, e por isso o assunto será avaliado,nesta terça, em reunião. Para algumas cooperativas, o entendimento é de que o preço da tecnologia ficou muito salgado.
- A precificação da tecnologia é inegociável. Mas achamos R$ 118 por hectare um custo muito exagerado - diz Paulo Pires, presidente da Fecoagro.
Dois pontos estão na mira: um é o pedido para que a Monsanto cobre sobre a semente - atualmente também ocorre sobre a produção, a chamada cobrança na moega. O outro é para que considere uma redução do valor por hectare, com sugestão para algo entre R$ 50 e R$ 60. Na primeira geração de soja transgênica da multinacional, o valor cobrado era de R$ 22 por hectare.
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O valor do royalty está sendo apontado como uma tentação para o produtor salvar sementes. O Estado tem um dos mais baixos índices de utilização da semente legal no país - cerca de 40%, conforme a Fundação Pró-Sementes.
- Somos a favor da tecnologia, só queremos que se pague um preço justo - afirmou Milton Feltner, presidente do Sindicato Rural de Bossoroca, no primeiro debate do ciclo de palestras do agronegócio, realizado por Zero Hora em São Luiz Gonzaga, nas Missões.
O embate não é exatamente novo. Aliás, se arrasta desde a primeira geração de soja transgênica - Fetag-RS e sindicatos rurais do Estado ainda mantêm ação na Justiça e chegaram a ter ganho de causa em primeira instância, decisão posteriormente revertida.
Há que se considerar, no entanto, que a Intacta RR2 entrará no próximo verão em seu terceiro ciclo comercial no Brasil. Com os preços definidos lá na largada, parece pouco provável que a Monsanto reveja a tabela agora. O que as entidades querem é a chance de tentar negociar.