Rosemar Roesler, 50 anos, tem todos os três filhos a seu lado na lavoura em Boa Vista do Incra, no noroeste do Estado. O mais jovem, Ricardo, 15 anos, estuda em um turno e, no outro, trabalha na propriedade, onde aprendeu a operar máquinas e equipamentos com a ajuda do irmão Renan, 23 anos. A filha mais velha, Rosana, 26 anos, cursa Farmácia em Cruz Alta e ajuda o marido Felipe Ludwig, 29 anos, que também trabalha com a família Roesler.
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Com 500 hectares da oleaginosa cultivados em Boa Vista do Incra, em parceria com um investidor, o agricultor colheu uma produção nunca antes vista:
- A média ficou acima de 70 sacas por hectare (no Estado, a estimativa é de 47,5). São Pedro foi muito bom para a agricultura.
Com investimento de R$ 2,2 mil por hectare, o equivalente a 35 sacas de soja, Roesler vendeu 30% da safra antecipadamente, para garantir bons preços. Nos contratos fechados em 2014, o valor da saca variou de R$ 63 a R$ 67 - acima da cotação média divulgada pela Emater na semana passada, de R$ 62,97.
A maior colheita da família, até então, tinha sido a de 2010/2011, quando o rendimento beirou 65 sacas por hectare. Mas o resultado recorde não é só fruto da generosidade de São Pedro.
Nos últimos cinco anos, a frota de colheitadeiras, tratores, plantadeiras e pulverizadores foi totalmente renovada por meio de financiamento agrícola. No mesmo período, o produtor passou a investir em agricultura de precisão, com análise das características do solo e controle da aplicação de fertilizantes e defensivos.
- Temos cuidado e capricho em tudo o que fazemos, desde a escolha da semente até o último minuto antes de colher - conta.
A produtividade alcançada neste ano nem de longe lembra as médias alcançadas há pouco mais de uma década, quando Roesler cultivava um terço da área atual. Na época, colher acima de 40 sacas por hectare era comemorado.
- Aliado às condições climáticas ideais para o desenvolvimento das lavouras, tem-se o sistema de plantio direto e altas aplicações de tecnologia, que vão do uso de variedades adaptadas localmente, acompanhamento da fertilidade do solo até o manejo de pragas e doenças - destaca Divânia de Lima, pesquisadora da Embrapa Soja que atua na área de transferência de tecnologia.
A cada ano, o potencial produtivo das lavouras aumenta com o lançamento de novas cultivares por institutos de pesquisa.
- Podemos chegar a patamares ainda maiores, mas isso vai depender da adoção de tecnologia, combinada com boas condições climáticas - diz a pesquisadora.