Assustados com a interdição do Frigorífico Silva, um dos maiores abatedouros de bovinos do Rio Grande do Sul, representantes da cadeia produtiva se mobilizam para não deixar o setor cair em uma crise maior - à medida que a fiscalização chegar a outras indústrias de carne. O temor é compreensível, já que a força-tarefa do Ministério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho e Emprego fechou as portas, mesmo que temporariamente, de uma das empresas mais tradicionais do setor no Estado.
- Se um frigorífico do porte do Silva foi interditado temos de avaliar o que fazer para evitar que outras operações inviabilizem a nossa atividade. É uma questão que nos assusta, não há como negar - admite Ronei Lauxen, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (Sicadergs).
Em reunião nesta quinta-feira em Porto Alegre, convocada pela entidade, representantes da indústria e de produtores irão discutir ações para proteger o setor. A fiscalização que interditou o Frigorífico Silva, de Santa Maria, foi a primeira de uma série que será cumprida ao longo do ano em frigoríficos de bovinos e de suínos para verificar as condições de trabalho. No ano passado, com o alvo nas indústrias de aves, as vistorias interditaram temporariamente seis unidades de importantes empresas.
- A atividade dos frigoríficos é o segundo setor que mais causa acidentes de trabalho e adoecimento no Estado, atrás apenas da área hospitalar - alerta o auditor-fiscal do Trabalho Mauro Marques Müller, coordenador estadual do Projeto Frigoríficos, força-tarefa executada desde janeiro de 2014.
Conforme Müller, as irregularidades mais comuns vão do ritmo excessivo de trabalho, passando por máquinas sem proteção, movimentação manual de cargas maléficas à saúde até jornada de trabalho prolongada.
Com mais de 300 indústrias de carne bovina, que abatem em média 8 mil animais por dia, o Rio Grande do Sul tem no setor a geração de mais de 10 mil empregos. A preocupação, sem dúvida, é mais do que justificável neste momento.