Para retomar o ponto de onde parou, a produção agroindustrial do Estado precisará de pelo menos 15 dias, a partir da normalização do movimento nas estradas. Esse é o delay, ou seja, o atraso estimado pelo presidente do Sistema Ocergs/Sescoop-RS, Vergilio Perius, para que se coloque em dia todo o prejuízo decorrente das manifestações.
Preocupada com os danos que se acumulam, a entidade se reúne nesta terça-feira com a Casa Civil para pedir o apoio do Estado. Vai munida do peso de sua representatividade: 60% da produção pecuária e agrícola no Rio Grande do Sul vem de associados do cooperativismo.
- Queremos a interferência do governo para que caminhões com alimentos tenham a passagem liberada - afirma Perius, sobre o objetivo do encontro.
Há dias as cooperativas, assim como outras empresas do setor, vêm enfrentando problemas relacionados ao fornecimento de matéria-prima, de embalagens e para escoar alimentos que já estão prontos para o consumo.
Nesta segunda, a unidade de abates de suínos da Cosuel, de Encantado, decidiu paralisar as atividades pelo menos até esta terça.
- Em um país que optou por realizar o transporte por rodovias, o plano B ficou no ar - diz Gilberto Piccinini, presidente do conselho de administração da Cosuel.
No caso das indústrias do agronegócio, a alternativa adotada por fornecedores de lojistas, de realizar o transporte em veículos de menor porte, é inviável. Além do alto custo, há uma necessidade especial para armazenamento de aves, suínos e leite.
A Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) estima perda direta de receita líquida de vendas de até R$ 152,3 milhões ao dia para as empresas de alimentos.
Nesta segunda, representantes de caminhoneiros e de produtores foram ouvidos em reunião realizada no Plenarinho da Assembleia. Da lista de reivindicações que serão levadas, em carta, ao ministro Miguel Rossetto, estão itens sobre os quais o governo já se posicionou, como o pedido para a redução de PIS/Cofins de óleo diesel.
Quanto mais o tempo passa, mais se acumulam os prejuízos e se adia a possibilidade de retomada da normalidade. A má notícia, que é consenso entre quem avali a situação, é a de que o bloqueio vai prejudicar quem produz e também quem consome.