Em um galpão ao lado da casa de José Alfonso Rippel, no interior de Venâncio Aires, é difícil encontrar um espaço que não seja ocupado por folhas de tabaco no período da safra. Com 37 hectares cultivados com a planta, em parceria com outras seis famílias, o fumicultor já pensou em investir em outra atividade agrícola, mas acabou desistindo.
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- Até hoje, ninguém me apresentou uma cultura que renda igual ao tabaco. Comecei do nada. Tudo o que eu construí na vida foi plantando tabaco - afirma Rippel, 64 anos.
Com quase 600 mil pés de fumo plantados, 16 mil por hectare, o agricultor colheu 22 mil quilos na atual safra. Mesmo com a chuva em excesso na primavera, ele não reclama dos resultados. Neste ano, Rippel inaugurou o investimento de R$ 30 mil em uma estufa elétrica para secagem das folhas. Financiada por uma fumageira para pagar em cinco anos, a estrutura reduziu o gasto com lenha:
- Isso sem contar a qualidade da secagem, resultando numa folha de cor mais uniforme.
De outubro a janeiro, durante 24 horas, Rippel se reveza com a mulher Ilária, 62 anos, e com a filha Cleusa, 30 anos, e o genro Márcio Müller, 36 anos, para colher a safra e monitorar a temperatura dos fornos de secagem.
- A cada quatro horas, no máximo, algum forno apita para avisar que falta lenha - diz Cleusa.
Ao longo de sete dias, a temperatura das estufas deve ser mantida entre 90°C e 160°C. Após a secagem, a família faz a classificação das folhas e monta os fardos (60 quilos) para entrega à indústria fumageira. O trabalho é cansativo, mas é o que traz rendimento e estimula a família a continuar na lavoura.