A notícia de que as indústrias de leite do Estado estão deixando de fazer o recolhimento em propriedades com volumes muito pequenos - de até 50 litros diários - causou burburinho e trouxe preocupação para entidades de agricultores familiares e municípios.
Dois motivos justificariam a decisão: os custos elevados para a coleta de quantidades tão pequenas, e a qualidade do produto, muitas vezes comprometida pela inexistência de resfriadores, que garantem a temperatura adequada.
- Normalmente, esses volumes menores são produzidos em locais onde a pecuária de leite é fonte de renda complementar - explica Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
O assunto foi debatido em reunião realizada no Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS). Conforme o vice-presidente da entidade, Alexandre Guerra, as empresas presentes no encontro relataram que não estão deixando de recolher produto.
- Vamos fazer uma relação para a Fetag do número de produtores que fornecem até 50 litros de litros por dia - acrescenta Darlan Palharini, secretário-executivo
da entidade.
Eventuais problemas relatados também serão repassados à Fetag, para mapear municípios onde o recolhimento de volumes menores deixe de ser feito. A partir disso, a ideia é acionar sindicatos e trabalhar na qualificação dos produtores que quiserem ampliar a produção. Um grupo de trabalho também foi criado para tratar do assunto no Instituto Gaúcho do Leite (IGL).
- Os dois lados têm suas razões nessa situação - entende Ardêmio Heineck, diretor-executivo do IGL.
Para o coordenador da área de agricultura da Famurs, Mário Nascimento, a preocupação é que não haja uma mudança "de uma hora para outra":
- Queremos um planejamento, com prazo para que o produtor interessado possa ajustar.
Ações que garantam maior competividade fazem parte da rotina de empresas. Neste caso, só é preciso cautela para evitar a exclusão de quem pretende seguir com a produção de leite.