Ainda deve durar um bom tempo a briga dos produtores gaúchos para receber pagamentos atrasados por leite entregue a indústrias. Pelo menos duas empresas, LBR e Promilk, estão em processo de recuperação judicial. Nesta condição, precisam elaborar um plano minucioso para tentar sanear as dívidas. Na lista de preferências dos credores, os agricultores que fornecem a matéria-prima estão no final da fila.
Cerca de 5 mil pessoas têm valores por receber, segundo projeções de entidades como a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familar do Estado (Fetraf-RS).
As quantias variam entre R$ 500 e R$ 30 mil. Cooperativas, que faziam a captação do leite também têm valores a receber.
Entre as medidas cabíveis está acionar as empresas na Justiça. Na semana passada, a Fetraf-RS entrou com ação coletiva contra a Promilk na comarca de Estrela. Nesse caso, a decisão e o pagamento virão no ritmo dos tribunais.
Em uma outra tentativa de chegar a um acordo, um grupo de 50 associados da Cooperativa Agrícola Mista Ourense (Camol), de São José do Ouro, impediu a entrada e a saída de veículos na unidade de Tapejara da LBR, entre a manhã de quinta-feira e a tarde de sexta-feira. Saíram de lá com a promessa de receber pelo menos parte dos cerca de R$ 1 milhão devidos.
- Os produtores não podem ficar sem pelo menos o dinheiro dos custos da propriedade - pondera Idelson Machado, presidente da Camol, cooperativa que tenta superar dificuldades financeiras.
O tamanho do problema levou a discussão à Assembleia Legislativa. Neste momento, o entendimento é de que o caminho mais curto até o dinheiro é a criação de uma linha de crédito emergencial.
A proposta deve pautar audiência com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Seria uma forma mais rápida de ajudar os produtores.
Ainda assim, é preciso manter no horizonte soluções estruturais, mesmo que levem tempo, a fim de evitar que o produtor, em especial o familiar, seja a parte mais fraca na relação de negócio.