Em setores como o do agronegócio, com grande foco na exportação, as variações do dólar trazem impacto. No caso dos grãos, a atual valorização vem em boa hora. Depois de anos de ascensão, os preços das commodities caíram bastante diante da perspectiva de colheita histórica de soja nos Estados Unidos, de mais de 106 milhões de toneladas, segundo o último relatório do departamento de agricultura americano. Novo prognóstico sai no próximo dia 10.
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Em patamares ainda considerados satisfatórios, os valores do grão na Bolsa de Chicago retrocederam quatro anos, ficando abaixo de US$ 10. Ontem, fecharam a US$ 9,1325 - para vencimentos em novembro.
No acumulado do ano, a desvalorização da soja acumula 31% no mercado externo, tendo os contratos de novembro como referência. Internamente, a queda é de 17,5%. Na prática, é um cenário que diminui a rentabilidade dos produtores.
A alta da moeda americana neste momento compensa parte dessa diferença.
- O dólar mais alto e os prêmios pagos no porto, também em alta, acabam sendo um colchão para a queda das commodities - avalia o consultor Carlos Cogo.
Os prêmios pagos no porto são uma espécie de ágio ou deságio sobre o preço futuro na bolsa, dependendo das condições de oferta e demanda do produto. Costumam ser positivos no período da entressafra e negativos durante o período de colheita.
- Se o dólar persistir nesses níveis, poderíamos ter uma situação interessante para o produtor por meio do câmbio - completa Cogo.
O Rio Grande do Sul está neste momento preparando o terreno para o cultivo da soja.
Estimativa da consultoria Safras e Mercado é de que a área cultivada com o grão chegue a 5,2 milhões de hectares, com potencial de colheita de 14,56 milhões de toneladas. No Brasil, a projeção é de que a produção alcance 95,9 milhões de toneladas.
Quando se trabalha com proporções dessa magnitude, as mais sutis variações, nas casas depois da vírgula, têm potencial de mexer com o bolso do produtor.