Tomada a decisão da liquidação voluntária da Cotrijui, a cooperativa entra agora no capítulo mais decisivo da sua história, iniciada em 1957. Por um período de um ano, prorrogável por mais um, ficam suspensas as execuções de cobrança. Nesse prazo, os novos guardiães do patrimônio - o liquidante e os três conselheiros fiscais escolhidos - terão a difícil missão de tentar arrumar a casa: a dívida acumulada ao longo de anos soma mais de R$ 1 billhão.
Após a publicação do resultado da assembleia no Diário Oficial, o que deve ocorrer hoje, o primeiro passo será tentar frear o leilão marcado para quarta-feira. Na ocasião, está marcada a venda da unidade de Chiapetta. Os advogados da cooperativa já têm à mão um pedido a ser encaminhado à Justiça do Rio de Janeiro. Um empréstimo de R$ 65 milhões feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cuja execução ocorre na capital fluminense, poderá impor a venda, também, da unidade de Ijuí.
- Com a aprovação na assembleia da liquidação, não vejo dificuldade maior de solicitar em juízo que sejam paralisadas as execuções - entende Claudio Lamachia, advogado da Cotrijui.
Negociar, sobretudo com os credores, que não são poucos, é a palavra-chave do período previsto para a liquidação. Será preciso, também, driblar diferentes interesses que estão em jogo.
- Legalmente falando, o objetivo da liquidação, diferentemente da recuperação judicial, é a extinção da cooperativa. Mas a liquidação tem sido usada por cooperativas como forma de renegociar dívidas - diz o advogado Fernando Pellenz.
O que deve ocorrer daqui para a frente com a maior cooperativa agropecuária do Estado, em número de sócios e patrimônio, segundo a Ocergs/Sescoop, divide opiniões. Mais do que um alívio para os produtores, que têm na Cotrijui uma ferramenta importante para estocar e comercializar a safra, uma eventual recuperação da organização importa também para o Estado - principalmente no momento em que agricultores cultivam o terreno para colher bons resultados no próximo verão.