Uma proposta pioneira apresentada pelo sistema de cooperativas do Estado tem como objetivo fazer com que os produtores gaúchos de trigo fiquem menos dependentes do mercado na hora de negociar a produção. Cinco cooperativas da região das Missões já foram sondadas para se unir na criação de um moinho. A unidade teria capacidade de receber 1 mil toneladas do cereal por dia e processamento de 200 mil toneladas por ano.
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O investimento, a ser executado com recursos do BNDES, é estimado entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões, dependendo do tipo de tecnologia utilizada.
Por enquanto, ainda é uma proposta, em fase de estudo, ressalta Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS). A ideia é de que até o final deste ano já se tenha uma definição de quem irá participar do projeto.
- Não existe nenhuma cooperativa do Estado que tenha um grande moinho - avalia Pires, sobre a viabilidade do negócio.
Matéria-prima de qualidade também existe de sobra. Apenas uma das cooperativas das Missões recebe, em ano de safra normal, 150 mil toneladas de trigo. A região, junto com Santa Rosa, Cruz Alta e Ijuí, responde por cerca de 60% da produção gaúcha do cereal - no ciclo 2014/2015, estimada pela Conab em 2,97 milhões de toneladas.
O município onde o moinho será instalado ainda não está definido - talvez, a partir de agora, os candidatos comecem a aparecer. Além de desenvolver a economia, uma estrutura como essa seria capaz de ajudar nas negociações do trigo produzido no Estado.
Da safra passada, quando o Rio Grande do Sul chegou à condição de maior produtor nacional, com volume recorde de 3,35 milhões de toneladas, ainda existiriam mais de 500 mil toneladas por vender. Dentro de pouco mais de um mês, já começa a entrar a nova safra, com a colheita paranaense, projetada para 7,39 milhões de toneladas no país.
Para complicar, há pressão de indústrias para ampliar a cota de trigo de fora do Mercosul comprado sem cobrança da tarifa externa comum de 10%. No próximo dia 15, em tese, terminaria isenção concedida pelo governo federal para a compra de 1 milhão de toneladas. Enquanto isso, os preços para o produtor seguem em baixa.