Seja para tratar da safra passada ou da presente, Brasília será nesta quinta-feira o centro das atenções para os produtores de trigo do Estado. Um olho vai estar na reunião da Câmara de Comércio Exterior, onde o assunto isenção da Tarifa Externa Comum para o trigo de fora do Mercosul deve entrar novamente em discussão. No último dia 23, o governo publicou no Diário Oficial a decisão de suprimir a tarifa até 15 de agosto para um volume de 1 milhão de toneladas.
Preocupada com os efeitos da medida, por entender que prejudica a venda dos estoques do cereal produzido no Rio Grande do Sul na safra passada, a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) faz pressão para que o assunto seja reconsiderado.
- Estamos aqui, de plantão - diz Carlos Sperotto, presidente da Farsul, que tem reunião marcada com o ministro da Agricultura, Neri Geller, nesta quinta cedo.
A inquietação da entidade tem razão de ser. Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo divulgado nesta quarta mostra que os preços do trigo têm registrado quedas mais expressivas no mercado brasileiro desde o anúncio da isenção da tarifa. Em algumas das regiões acompanhadas, os valores estão próximos dos menores patamares do ano.
Em um cenário que inclui maior oferta no mercado mundial, desvalorização da moeda americana e projeção de colheita brasileira recorde, a isenção poderá prejudicar o produtor "que deve ter uma receita inferior aos custos, principalmente em relação à mensurada no planejamento da safra", segundo análise do Cepea.
Por outro lado, a preocupação com os estragos da chuva em pleno período de plantio da atual safra deve entrar na pauta de missão do governo estadual que estará em Brasília. Oficialmente, já foi encaminhado o pedido para que o calendário de zoneamento agrícola de risco climático seja estendido em algumas regiões do Estado. Agora, é esperar pelas notícias que virão da capital federal.