Disposto a pagar mais pela qualidade, o comprador das tradicionais feiras de outono da pecuária gaúcha tem representado também novo ritmo aos bancos. Para conseguir o que precisa, o criador tem recorrido ao crédito, o que exige das instituições que façam frente à demanda.
Com participação em cerca de 90 feiras do calendário oficial da Secretaria da Agricultura, o Banrisul aumentou em 50% o volume de recursos na atual temporada. Irá encerrar o ciclo com R$ 150 milhões colocados à disposição do produtor.
Via de regra, o pecuarista já chega às pistas de remates com o crédito pré-aprovado.
- Participamos dos eventos mais representativos. Geralmente temos valor pré-definido para cada um, conforme o tamanho da feira - afirma Anderson Rostirolla, superintendente da unidade de negócios rurais do Banrisul.
Definições sobre o valor a ser liberado no próximo ano ainda dependem do balanço do que efetivamente foi contratado do volume oferecido neste ano.
Outra evidência da necessidade crescente de crédito para o período vem do relato de uma leiloeira da região metropolitana responsável pela organização de feiras oficiais. A profissional conta que precisou "apequenar"- ou seja, reduzir a oferta de animais colocada em pista - em evento realizado na última semana porque não conseguiu o crédito solicitado.
A resposta obtida na agência do banco procurado foi que não havia mais recursos disponíveis em virtude da grande procura por linhas com essa finalidade.
- Sem crédito, o comprador precisa usar recursos próprios para comprar - observa a leiloeira.
A superintendência estadual do Banco do Brasil, outro grande parceiro dos remates de outono, ainda está fechando os números referentes aos financiamentos para o agronegócio, incluídos aí valores destinados à pecuária.
Nas pistas gaúchas, o que se quer manter para o próximo outono é o ritmo de bons negócios, ditado pela parceria dos criadores de gado com a soja. Uma dobradinha que deve seguir se consolidando no Estado na mesma proporção da manutenção dos bons preços da commodity.