À medida que o vírus da diarreia epidêmica suína avança pelo rebanho dos Estados Unidos, aumenta a preocupação dos produtores brasileiros em manter a doença longe do país. O vírus se espalhou em 27 Estados americanos, provocando a morte de 7 milhões de cabeças. Receosos com o risco de proliferação, a indústria de carne suína quer interromper as importações de animais vivos (reprodutores), material genético e plasma de suínos dos Estados Unidos.
- Pedimos a suspensão temporária até que tenhamos garantias de que o risco do vírus chegar ao Brasil está distante - aponta Rui Vargas, vice-presidente para o segmento de suínos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Em encontro nesta quarta-feira com o ministro da Agricultura, Neri Geller, dirigentes da entidade irão reforçar o pedido. No mesmo dia, o Ministério da Agricultura inaugura instalações especiais para quarentena de suínos importados. Na Estação Quarentenária, em Cananeia (SP), os animais e o material genético importados serão retidos e liberados após a comprovação de sanidade.
- A medida é positiva para mitigar o risco, mas não resolve o problema por completo - reforça Vargas.
Até agora, o ministério mantém a posição de não suspender as compras dos EUA, maior exportador mundial de carne suína. Conforme especialistas, o vírus não afeta humanos e não traz riscos à alimentação.
- O momento requer muito cuidado por parte dos criadores e da indústria. Os produtores precisam reforçar o cuidado com suas granjas - alerta Valdecir Folador, presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs).
Conforme a ABPA, compradores internacionais como México, Japão e Ucrânia já sondaram a indústria brasileira diante da queda de produção dos EUA. O Brasil é hoje o quarto maior exportador de carne suína do mundo - com 520 mil toneladas por ano, cerca de 15% da produção. No cenário brasileiro, o Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor e exportador, com 165 mil toneladas (23% da produção) embarcadas por ano ao Exterior Se a lição de casa for cumprida pelos órgãos de sanidade, o Brasil poderá se beneficiar com a epidemia, abocanhando mercados perdidos pelos EUA.